No último dia 15 de fevereiro, estudantes de escolas públicas de Petrolina (PE) protestaram contra o aumento das passagens efetivadas em 1º de fevereiro. Empunhando faixas e cartazes que cobravam a redução das tarifas e a implementação do passe livre, os estudantes acamparam em frente à prefeitura municipal após percorreram ruas do Centro.
De acordo com nota circulada pela mobilização estudantil, “com esse aumento, a tarifa em Petrolina agora é a mais cara do Nordeste e uma das mais caras do país, ficando à frente de 19 capitais. Além disso, a Atlântico – referindo-se à empresa monopolista – recebeu mais de R$ 8 milhões da prefeitura com a desculpa de que estava tendo prejuízos com a pandemia, se comprometendo a não aumentar a tarifa”.
No município de Petrolina, Sertão pernambucano, as tarifas dos ônibus urbanos tiveram seus valores aumentados de R$ 4,10 para R$ 5,00. O reajuste, de quase 22%, tem gerado revolta entre trabalhadores, que denunciam a precariedade do serviço ofertado, e manifestações de estudantes de escolas públicas da cidade.
Usando diariamente o transporte público para ir trabalhar, a auxiliar de saúde bucal, Salete Brito, afirmou à reportagem de AND que o “aumento é um verdadeiro absurdo, um abuso contra a população de Petrolina”. “Cobrar caro eles sabem, né? Agora, melhoria… zero!”, afirmou a auxiliar. Quanto à quantidade da frota, Salete afirma ser insuficiente. “Falta mais ônibus para cobrir a quantidade da população da cidade. A população é imensa para a quantidade de ônibus”.
A comerciária Erica Raquel denuncia que o serviço de transporte público da cidade precisa de melhorias: “Está precisando melhorar, né? Eles cobram um valor muito alto; aumentam e não tem melhora!”. No mesmo tom, outros trabalhadores que não quiseram dar entrevista fizeram registrar suas indignações com o reajuste e demonstraram apoio às manifestações populares contrárias ao aumento tarifário que começam a ser organizados na cidade.
Quando perguntada sobre as manifestações, a população tem demonstrado apoio. “Tem que se manifestar mesmo. Eu mesma passei lá na frente da prefeitura para ver”, contou uma trabalhadora do centro da cidade que não quis se identificar.
De acordo com pesquisa sobre mobilidade pública no Brasil, divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (IPEA) em abril de 2019, estima-se que 65,9% dos brasileiros dependem do transporte público para se locomover diariamente, com destaque para os ônibus. Ainda de acordo com o IPEA, em pesquisa publicada em 2021, a política de mobilidade urbana implementada no Brasil tem levado à deterioração da qualidade do transporte público, resultando em sistemas ineficientes, insustentáveis e socialmente excludentes.
Escrito por: Comitê de Apoio do Vale do São Francisco