No dia 12 de abril foi realizado um debate público sobre a atuação do regime militar no estado de Pernambuco. Ao longo do evento, ativistas denunciaram o caso do Auditório do Centro de Educação (CE) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que homenageia Carlos Maciel, interventor pernambucano que atuou na repressão a movimentos estudantis e culturais no estado durante o regime. O evento foi organizado pelo professor Evson Malaquias, perseguido na UFPE pela campanha de mudança de nome do auditório.
O debate contou com a presença de diversos professores, estudantes, servidores e organizações políticas, como o coletivo Mangue Vermelho (MV), a Associação Brasileira de Advogados do Povo (ABRAPO) e o Núcleo de Documentação sobre os Movimentos Sociais da UFPE. A Diretoria do Centro de Educação da UFPE optou por não participar do evento, apesar de ter recebido o convite.
De acordo com o professor Evson Malaquias, o evento teve como objetivo elevar o debate acerca da mudança do nome do Auditório Carlos Maciel. A luta por essa mudança é tocada há anos dentro do CE e já gerou casos de grave perseguição política. Em dezembro de 2022, o professor Malaquias denunciou, em entrevista ao AND, as perseguições que passou a sofrer por conta de sua participação na campanha.
Ao longo do evento, diversas falas e intervenções foram realizadas e palavras de ordem sobre os lutadores do povo que resistiram durante o regime militar e as atuais lutas populares no campo e na cidade foram entoadas. Um ativista do Mangue Vermelho denunciou o papel vil da burocracia universitária na perseguição aos professores e estudantes em luta e enfatizou que homenagens a colaboradores do regime militar fascista de 1964 são uma consequência do pacto de classes de 1988 e sua política de anistia e não punição aos militares. O ativista apontou ainda para a crescente fragilização desse pacto de classes com o avanço da crise geral do capitalismo burocrático no país.
A advogada Maria José do Amaral, representante da Abrapo que atuou na defesa do professor Evson durante os processos impostos pela UFPE, denunciou que não pôde exercer plenamente seu papel de defesa por ter sido impossibilitada de acessar os autos processuais. A Abrapo também ressaltou o avanço da luta camponesa no estado, mencionando o vitorioso Corte Popular empreendido pela Liga dos Camponeses Pobres (LCP) na Área José Ricardo e as crescentes ocupações por moradia no estado pernambucano.
Todas as entidades presentes trataram de pontuar as perseguições no espaço institucional da universidade, e de forma unânime, os presentes optaram pela mudança do nome do Auditório do CE. Em contato pessoal a partir dos professores da universidade no dia 24 de abril, a mesma Diretoria se comprometeu em pautar a proposta numa reunião do Conselho Departamental que acontecerá no dia 11 de maio.