Famílias que ocupavam o Edifício Segadas Viana, em Recife, protestaram com barricadas em chamas na quarta-feira 19/09 em frente à Companhia Estadual de Habitação e Obras (Cehab). O ato foi uma resposta ao descumprimento de um acordo feito pelo governo de Pernambuco, que havia prometido transformar o antigo prédio do INSS, ocupado há três anos, em habitação social. No entanto, antes do início das reformas, o edifício foi entregue a outras famílias. Em pronunciamento, o Estado de Pernambuco afirma que os antigos moradores ficarão sem garantia de seus direitos.
O protesto ocorreu em frente a Companhia Estadual de Habitação e Obras (Cehab), na quarta-feira (19/09), ao meio-dia, após o descumprimento dos acordos feitos com as famílias. Para que o prédio fosse desocupado, o Estado garantiu transformá-lo em habitação social, contando com reformas e um auxílio moradia de R$350 para as 120 famílias que o ocupavam.
Após o fechamento do prédio para as reformas, sem informar os antigos moradores, o prédio foi reaberto para que outras famílias sem-teto entrassem, numa lógica de dividir as famílias em luta para conquistar a derrota do movimento popular. Na ocasião, as antigas famílias protestaram contra a medida do Estado, queimando pneus em frente à construção onde moravam.
Além disso, o Estado tem um longo histórico de repressão aos moradores da ocupação e irregularidades. Os moradores já sofreram diversas ameaças e perseguições. Destaca-se o caso de um casal, o qual o marido teve de fugir para outro estado após ameaças e a mulher precisou abrir na justiça medidas protetivas contra os agressores. Também houve negligência no fornecimento de auxílios básicos, como cestas-básicas, que nunca chegaram aos moradores, apesar de garantidos pelo governo.
“Ele não quer dar os direitos que as famílias merecem! Cadê a prefeitura do Recife? Cadê o governo do Estado? Cadê os direitos humanos? Cadê eles quem não vêem isso acontecendo?” questiona uma das manifestantes, logo após pedir uma posição do Estado que ainda não se pronunciou.
A falta de prédios ou terrenos para habitação social não é o problema. Apenas em Recife e na Região Metropolitana, existem cerca de 5.000 prédios com risco estrutural, que poderiam ser adaptados ou demolidos para construir moradias populares. Além disso, há muitas construções abandonadas, cujos dados o governo não revela à população.
O que se observa é uma prática sistemática de omissão diante das irregularidades, além de perseguição seletiva às classes populares que em torrente lutam por moradia e terra, não apenas em Recife, mas em todo o estado de Pernambuco.