Depois de colaborar com a tentativa de chacina da população de Barro Branco no dia 28 de setembro, frustrada pela resistência heroica dos posseiros, a Polícia Militar de Pernambuco permanece acampada na área ameaçando as vidas e perturbando a rotina dos camponeses do engenho. Já ameaçaram tomar as motos dos camponeses, tentam intimidar mulheres e crianças; fazem diariamente ligações noturnas para lideranças camponesas (especialmente o tenente Giovani, do 10º Batalhão da PM/Palmares), o mesmo que apontou o fuzil para o peito de camponeses desarmados e ameaçou prender lideranças.
Quando a milícia bolsonarista “invasão zero” iniciou seu ataque em Barro Branco, camponeses ligaram pra o Incra pra denunciarem, até porque recentemente o superintendente deste órgão tinha afirmado que os camponeses não seriam mais atacados após o cadastramento, recentemente realizado na qual mais de 550 famílias compareceram (ainda que apenas 365 delas tenham sido cadastradas).
A “resposta” do Incra foi acionar o tal “protocolo” no caso de conflito agrário (o qual consiste em mais repressão aos camponeses), com o envio de tropas militares para dentro da área para, supostamente, “proteger” os posseiros – quando na verdade estes são exatamente os que ameaçaram a vida e a liberdade de milhões de famílias camponesas, indígenas e quilombolas em todo o país.
Após a batalha camponesa que escorraçou as hordas fascistas latifundiárias de Barro Branco, os órgãos do Ministério de Direitos Humanos do governo de coalizão reacionária de Luís Inácio, juntamente com secretarias do governo de Raquel Lira em Pernambuco decidiram prolongar a presença militar reacionária dentro de Barro Branco por mais 30 dias, no intuito de manter o terror contra as famílias camponesas.
Como se não bastasse, os descarados policiais militares ocuparam a escola municipal de educação infantil e ensino fundamental que existe dentro da área e passaram a assediar diariamente e interrogar as crianças para que estas entreguem seus pais, chegando a roubar o brinquedo de uma delas!
Quando questionados por uma camponesa, um policial militar ameaçou tomar todas as motocicletas dos camponeses de Barro Branco, caso ela continuasse questionando sua presença na área. Afora isso, os policiais levantam drones de vigilância constantemente, tirando a privacidade das massas e assediando ainda mais a liberdade de organização dos camponeses. Durante a noite permanecem com giroflex ligado e atormentam o sono de crianças e idosos. Em Barro Branco, todos sabem que esses mesmos policiais são os que, nas “horas vagas”, atuam como pistoleiros da mesma organização de extrema-direita pró-latifundiária que atacou os camponeses em 28 de setembro.
Por tudo isso, os camponeses exigem a imediata remoção da polícia militar das terras de Barro Branco e afirmam que a polícia nunca serviu para os proteger, atuando sempre do mesmíssimo modo que agiu a Força Nacional de Segurança com o povo Guarani Kaioá e a Polícia Militar no Mato Grosso do Sul, que desarmou os indígenas e entraram junto com os bolsonaristas no ataque contra o povo.
Os posseiros de Barro Branco afirmam que a permanência da polícia dentro da área é uma provocação contra os camponeses que só fará escalar o conflito.