PE: Manifestação camponesa exige fim de reintegração de posse em Lagoa dos Gatos

PE: Manifestação camponesa exige fim de reintegração de posse em Lagoa dos Gatos


Camponeses de Riachão de Dentro tomaram as ruas de Lagoas dos Gatos em manifestação contra a ameaça de reintegração de posse da área camponesa no dia 09 de fevereiro. O vigoroso protesto em defesa do direito à terra reuniu camponeses de várias áreas, estudantes e demais apoiadores da luta pela terra, sendo recebida com muita solidariedade popular por onde passou. Reproduzimos abaixo a nota enviada pela Liga dos Camponeses Pobres do Nordeste (LCP-NE) à Redação de AND.


Riachão de Dentro é do povo! Resistir aos ataques do latifúndio!

Há mais de 15 anos cerca de 80 famílias conquistaram a fazenda Riachão de Dentro (Lagoa dos Gatos – PE) e neste período foram inúmeras as tentativas do latifúndio de frear nossa luta. Os camponeses resistiram ao longo dos anos a sete despejos e tem desenvolvido sua organização e produção chegando hoje a ser de forma inconteste a área camponesa mais produtiva do município e uma das mais prósperas da região.

Atualmente, o velho Estado a serviço dos supostos herdeiros do antigo latifundiário, entre eles o atual secretário de agricultura do município, enviou para o batalhão de choque da PM de Caruaru um mandato de reintegração irregular, sem notificar os camponeses, o Incra nem a promotoria agrária.

Desde a realização do Corte Popular em 2009, quando cada família recebeu sua parcela, toda a terra que antigamente só tinha mato, gado e carrapato, se transformou em roças de irrigação altamente produtivas. Atualmente os camponeses produzem banana, macaxeira, mandioca, milho, batata, feijão, alface, coentro e muitas mais lavouras.

Hoje ao longo das mais de 600 hectares, os camponeses construíram com grande trabalho muitas casas de alvenaria, casa de farinha, poços, barragens, cacimbas, cisternas e muitas mais benfeitorias. A Área Revolucionária José Ricardo é um exemplo concreto da superioridade do caminho democrático que está se abrindo com a Revolução Agrária em relação ao caminho latifundiário dessa velha sociedade semifeudal e semicolonial sob a qual se desenvolve um capitalismo burocrático.

Ao longo dos anos, sob a bandeira da Liga dos Camponeses Pobres, os camponeses tem forjado uma alta organização, funcionando regularmente as Assembleias Populares, o Comitê de Defesa da Revolução Agrária (CDRA), a Escola Popular, o Movimento Feminino Popular e a associação, ademais participando de campanhas democráticas e revolucionárias nacionais e internacionais.

A ordem de despejo, como divulga sem vergonha um dos “herdeiros”, é de “queimar tudo” o que construíram os camponeses ao longo dos anos. Ordem absurda e reacionária que é uma verdadeira declaração de guerra contra os camponeses. Os tambores estão retumbando por todo o município.

Nesta semana os camponeses conseguiram o posicionamento do Ministério Público de suspender durante 90 dias o mandado de reintegração e seguem exigindo que o INCRA cumpra a sua velha promessa de regularização. O clima na Área Revolucionária José Ricardo é de firmeza e combate. Os camponeses anunciam que não permitirão que destruam suas conquistas nem os despejem de suas terras.

No dia 09 de fevereiro foi realizada uma contundente manifestação na sede do município com a participação de 150 camponeses de Riachão de Dentro, com o apoio de camponeses das Áreas Revolucionárias Renato Nathan e Rosalvo Augusto de Alagoas, e estudantes da Executiva Nacional dos Estudantes de Pedagogia e do MEPR. A manifestação e a defesa da Área Revolucionária José Ricardo ganhou o apoio generalizado de pequenos comerciantes, marchantes, professores e o povo em geral do município.

O mandato de despejo contra a Área Revolucionária José Ricardo faz parte do ataque que o velho Estado continua aprofundando contra a luta camponesa pela terra e a luta do povo das cidades ao longo do país. A Área Revolucionária José Ricardo abastece o município e a região, garantindo alimentos e reduzindo o custo de vida. Chamamos a todos os camponeses, operários, pequenos comerciantes, intelectuais honestos, democratas e revolucionários a apoiarem a luta dos camponeses da Área Revolucionária José Ricardo.

Viva a Revolução Agrária!
Terra para quem nela vive e trabalha!
O Povo quer terra e não repressão!
Morte ao latifúndio!
Combater e Resistir!

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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