No dia 20/12, manifestantes ocuparam a principal avenida do centro de Recife, Conde da Boa Vista, para exigir o fim da escala 6×1. O ato concentrou cerca de 100 trabalhadores e estudantes em frente ao Shopping Boa Vista com duas grandes faixas escritas: “Pelo fim da escala 6×1! Pelo direito do trabalhador a maior descanso, estudo e lazer!” e “Pelo fim da escala 6×1! 30h semanais sem redução salarial” e foram entoadas ao longo de toda a manifestação as palavras de ordem: “Que contradição, tem ministro do trabalho que é contra a redução!” “Que se dane o lucro do patrão, do meu descanso eu não abro mão!”.
A avenida foi fechada pelos manifestantes por 30 minutos em dois momentos e, desta forma, como afirmou um estudante da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) ao Comitê de Apoio ao AND: “o bloco garantiu o tom combativo do ato quando fechou as ruas. Isso causa um forte impacto na movimentação do centro da cidade e torna mais efetivo o chamado à luta aos trabalhadores de Recife por essa reivindicação tão importante que é uma jornada justa de trabalho”.
Durante o ato, foram realizadas panfletagens para informar aos trabalhadores que passavam nas proximidades sobre as reivindicações pelo fim da escala 6×1 e pela redução da jornada de trabalho em 30 horas semanais.
Os ativistas destacaram como a escala 6×1 afeta cotidianamente o trabalhador e as convocavam à luta nas ruas, assim como fez o representante do Coletivo Mangue Vermelho em sua intervenção: “Estamos hoje em rua lutando pelo fim desse regime de escravidão moderna que é a escala 6×1. Escala essa que não dá tempo suficiente para o convívio familiar, não nos dá o tempo suficiente para o descanso, não nos dá o tempo suficiente para o estudo próprio, esse regime de escravidão que tanto nos aplasta […] essa reivindicação histórica do trabalhador brasileiro só poderá ser feita na intensa luta na rua, com combatividade, com independência, com classismo.”
No segundo momento de paralisação do trânsito, o representante do Diretório Acadêmico de Filosofia da UFPE (Dafil) apontou a todos os trabalhadores presentes que “esses políticos ficam vendendo nossa luta dizendo que as coisas vão mudar por lá [parlamento], mas lá eles só fazem mentir para a gente. A gente tem que parar de acreditar que esse jogo sujo de eleição vai mudar alguma coisa, a gente tem que se apoiar na luta popular”. Durante sua fala, o barulho frequente das buzinas cessou para que assim pudessem escutar o discurso do estudante. Veja o discurso na íntegra:
Diversos trabalhadores, ao passar por toda a agitação, se animaram com o ato. Vários trabalhadores bradaram sobre as muitas dores físicas e o cansaço que sentem por conta da jornada exaustiva de trabalho e receberam as intervenções dos ativistas com sorrisos e aplausos.