PE: Mobilização exige justiça para assassinato de militante revolucionária

PE: Mobilização exige justiça para assassinato de militante revolucionária

Mural realizado na UFPE exigindo o aparecimento da estudante de pedagogia desaparecida no dia 17/12

Remís Carla, estudante de pedagogia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), 24 anos, militante do Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR) e do Movimento Feminino Popular (MFP) desapareceu no dia 17 de dezembro, esta foi vista pela última vez na casa de seu ex-namorado Paulo César, no bairro Nova Morada, em Recife. Após grande mobilização popular o seu desaparecimento teve lamentável desfecho na tarde de sábado (23/12) com o encontro do corpo da militante enterrado a 10 metros da casa de Paulo César, que confessou o assassinato de Remís.

Há um mês a jovem já havia prestado queixas na Delegacia da Mulher denunciando as agressões do ex-namorado. Na ocasião, o tratamento dado pelos policiais a denúncia foi sarcástico – como, aliás, ocorre na grande maioria dos casos – , chegando ao ponto de sugerir para a própria vítima que esta teria forjado as marcas de agressão em seu braço com tinta de caneta. Logo, as medidas protetivas que deveriam garantir o seu resguardo, através da Lei Maria da Penha, não foram efetivadas.

Estudantes, familiares e amigos se reúnem para ampliar a repercussão do caso Remís.

Fatos como este, que se repetem com as mulheres do nosso povo, revelam a conivência do velho Estado burguês-latifundiário com estes crimes e deixam claro que, na prática, as medidas legislativas dentro dessa falácia de “Estado Democrático de Direito” não solucionam a opressão contra a mulher. Conforme denunciado na nota emitida pelo Movimento Feminino Popular (MFP) e pelo Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR): “E este é um fato que tem se repetido inúmeras vezes por todo o país ao longo dos últimos anos: mulheres denunciam agressões domésticas, não recebem proteção e, em seguida, são assassinadas. Mais uma legislação populista, que promete resolver o problema da opressão contra a mulher, mas que em muitos casos agrava as situações de violência. Não podemos nos iludir, esse velho Estado nunca irá proteger as mulheres trabalhadoras! A opressão sexual contra a mulher é parte da base econômica desse sistema capitalista, pois a dupla jornada do trabalho familiar feminino compõe uma importante soma dos lucros da burguesia, que não se vê obrigada a remunerar o invisível trabalho doméstico.”

Campanha pela busca de Remís, um caso muito frequente que ocorre com a maioria das mulheres, tomou grandes proporções em Pernambuco.

De diversas formas o velho Estado deu tratamento inadequado para a investigação do desaparecimento da estudante Remís. Segundo denúncias dos próprios amigos, no dia 20/12 o delegado enviou cães farejadores à casa do assassino, entretanto não os utilizou para sondar o local externo ao entorno da casa de Paulo César, local que logo mais tarde foi descoberto, após muita insistência popular, estar ali enterrado o corpo da jovem lutadora do povo.

Os companheiros da jovem estudante foram os que levantaram indícios de que o ex-namorado seria o assassino, após notarem o ferimento na mão esquerda de Paulo e o tapume construído do lado de fora da casa, que tinha o fim de dificultar a visibilidade do local onde o corpo foi ocultado.

Foi por meio da intensa mobilização e organização popular através da campanha Cadê Remís?, que tomou grandes proporções, que se foi possível revelar o ocorrido.

A campanha movimentou familiares, amigos, companheiros de luta e a comunidade acadêmica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), onde Remís estudava. Foi exatamente essa luta que moveu a reitoria da UFPE a pressionar o “governo” estadual na solução do caso. E foi o resultado de todo o trabalho da campanha que conduziu até a denúncia anônima que revelou o local do corpo da militante.

Somente com a mobilização popular e organização do povo foi possível encontrar e conceder um enterro digno a essa militante revolucionária. As posturas prestadas pelas “autoridades” do velho Estado por si só não solucionariam as buscas pelo corpo da jovem se não fosse o protesto popular.

Os familiares e amigos permanecem na luta pela punição ao assassino, porém cientes de não alimentar ilusões com este podre judiciário que só fez o mínimo após muita pressão popular. 

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