Operários da Petrobrás em Pernambuco se juntam à paralisação nacional da categoria nesta quarta-feira (26/03) contra o autoritarismo da gestora indicada por Luiz Inácio, Magda Chateaubriand. Os trabalhadores denunciam que a gestão se recusa a sentar para negociar as reivindicações dos operários. A categoria faz exigências relacionadas a melhores condições de trabalho, remuneração justa, segurança e igualdade de direitos.
“Essa gestão se nega a dialogar com os trabalhadores sobre pautas que dizem respeito aos trabalhadores. Queremos dar um basta nisso”, disse um dos dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria do Petróleo e Gás de Pernambuco e Paraíba (Sindipetro PE/PB), abrindo as mobilizações nas portas das unidades da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Suape, que atuava com o contingente mínimo de trabalhadores.
Na frente da refinaria, um dos dirigentes operários denunciou que “as práticas adotadas pela Petrobras no governo Bolsonaro continuam agora sob o governo Lula”. Os trabalhadores carregavam faixas dizendo “Magda [Chambriard], respeite os trabalhadores”, em protesto contra a indicada à presidência da Petrobrás por Luiz Inácio.
A paralisação foi realizada com 98% de aprovação da categoria através das 13 assembleias de base realizadas pelo sindicato. Os mais de 10 ônibus chegaram à porta da empresa com, em média, 5 pessoas por ônibus. Mesmo entre os trabalhadores da refinaria, mais de um quinto dos que foram decidiram se juntar à mobilização ao invés de entrar para a fábrica.
Em apoio à mobilização, os camponeses do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) serviram um grande café da manhã para os operários das unidades.
Trabalhadores reivindicam melhores condições de trabalho, remuneração justa, segurança e igualdade de direitos
Os petroleiros denunciam que a empresa alterou a carga de teletrabalho sem consultar os trabalhadores, reduzindo os dias de home office de 3 para 2, enquanto aumentou os dias presenciais de 2 para 3. Os operários exigem a reversão dessa decisão e afirmam que a empresa se recusa a negociar.
“Muitas mulheres precisam cuidar de filhos e parentes em casa. O teletrabalho permite fazer isso com menos desgaste. Nós precisamos de qualidade de vida e saúde para trabalharmos motivadas e sermos mais produtivas”, relata uma das dirigentes da categoria em São Paulo.
“Pais e mães de pessoas com deficiência (PCD) precisam do teletrabalho. E o próprio trabalhador que é PCD, ele não pode pedir para ficar no trabalho remoto quando entra na empresa, só após um período de trabalho presencial”, denuncia outro operário.
A Petrobrás, em relação ao teletrabalho, está enviando aos trabalhadores um ‘termo de adesão individual’ que transfere automaticamente os trabalhadores para a jornada 100% presencial caso eles não assinem.
Os trabalhadores também exigem maior participação nos lucros e resultados (PLR). “Precisamos ficar com uma parte do que produzimos. Não pode tudo ir para os acionistas privados”, reclama um dos trabalhadores. Em 2024, o valor acordado com o sindicato previa um lucro 70% menor do que foi alcançado, o que causou um corte na PLR. Entretanto, a parcela paga aos acionistas se manteve intacta. A Petrobras é uma das empresas petrolíferas que mais paga dividendos no mundo.
Os operários também pautaram as cobranças abusivas aos trabalhadores terceirizados. Um dos trabalhadores afirmou que “a empresa está querendo descontar o transporte para eles virem trabalhar” e que “estão cobrando R$280 por dependente. Nem petroleiro paga esse valor”.
A paralisação, segundo os petroleiros, é uma “greve de advertência”. Um dos dirigentes sindicais disse: “Conversem e levem essa insatisfação ao Lula” e acrescentou que “esperamos ser escutados – ou partiremos para uma greve mais duradoura”.
