PE: PM ataca ato e deixa manifestantes feridos no Recife

PE: PM ataca ato e deixa manifestantes feridos no Recife

Manifestante enfrenta repressão covarde da PM em Recife. Foto: Banco de Dados AND

O Batalhão de Choque da Polícia Militar atacou manifestantes, interrompendo o ato em Recife. Muitos manifestantes mantiveram-se firmes e de forma organizada, avançaram junto a organizações combativas na autodefesa da manifestação contra a investida da tropa da PM.

Balas de borracha, bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo foram lançadas pela polícia na tentativa de dispersar o ato. Crianças de colo, idosos e demais manifestantes foram atingidos e impedidos de prosseguir com o ato. Esse ataque covarde ocorreu pela ponte que dá sentido à praça do Diário. Dois jovens, um homem e uma mulher foram presos e arrastados até as viaturas. Segundo o representante da Ordem dos Advogados do Brasil (Pernambuco), sabe-se que nove pessoas foram detidas ao total no dia. Uma vereadora foi agredida por policiais ao se aproximar para pedir que parassem com a brutalidade.

O trabalhador informal Daniel Campelo da Silva, 51 anos, que estava no centro da cidade para comprar material de trabalho, foi atingido no olho esquerdo por uma das balas. Sangrando, abatido no chão em agonia, foi socorrido pelos próprios manifestantes que chegaram ao local para dar apoio. Foi levado por um taxista para o hospital, contudo, devido ao tamanho do edema, não foi possível realizar a cirurgia necessária e o senhor perdeu a visão do olho esquerdo. Além dele, outros dois deram entrada nos hospitais por tiro de bala de borracha, um atingido também no olho e outro atingido na perna. O primeiro, atingido no olho, trabalhava nas imediações e tinha acabado seu expediente naquele momento; também não estava participando do ato.

Em desvantagem numérica e material, os manifestantes resistiram enquanto puderam. Rapidamente organizou-se uma linha de frente da manifestação e ao perceberem, os policiais pararam de avançar e mantiveram-se atrás de seus escudos, dando tiros a esmo e disparando bombas de gás para qualquer lado. Sem coragem para avançar, o Choque pediu apoio e outras polícias para empreender cerco aos manifestantes. Em recuo seguro e firme, sem se amedrontar ou temer o inimigo, as massas mais avançadas deixam o local.

O embate se deu por quase uma hora. Munidos pela coragem para servir ao povo de todo coração, manifestantes mesmo em extrema desvantagem conseguiram segurar todo esse tempo o avanço da tropa reacionária. O mar de gente se dispersa para voltar a ocupar a avenida Conde da Boa Vista, e depois, retornarem a seus lares.

A polícia seguiu perseguindo manifestantes. Os alvos foram também grupos que estavam se retirando do ato, em outros pontos do bairro da Boa Vista. Em frente à Câmara de Vereadores do Recife, manifestantes vindos de ocupações urbanas esperavam o ônibus para retornarem a suas casas quando carros do Batalhão da Rádio Patrulha avançam sobre eles usando de todo tipo de violência para atacá-los.

Paulo Câmara (PSB), governador do Estado, afirmou que a ordem de ação não partiu do seu gabinete. Luciana Santos (PCdoB), vice-governadora e presidenta nacional do PCdoB reafirma o que foi dito pelo seu aliado. Completam dizendo que o que ocorreu será investigado e que medidas consequentes serão tomadas. A demissão, horas após o ocorrido, do comandante de polícia de Pernambuco demonstra que há grandes chances de a operação de guerra contra o povo ter partido de uma quartelada das bases bolsonaristas na PM, com quem conciliam os políticos do oportunismo que ocupam o Executivo em Pernambuco. 

A demissão se deu pela repercussão negativa que o fato tomou. Nas redes sociais, o ocorrido gerou uma comoção nacional a partir de vários vídeos serem divulgados retratando as cenas das agressões feitas pela polícia. A pergunta “De quem partiu a ordem para o comando da operação?” foi bastante reiterada pelos internautas indignados.

Trabalhador ficou cego após ser atingido por tiro no olho em ação covarde da PM em Recife. Foto: Hugo Muniz

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