A decisão dos professores foi tomada nesta terça-feira, na primeira Assembleia Geral de 2020. Foto: Reprodução/YouTube
Professores da rede municipal de ensino do Recife (PE) decretaram no dia 10/03 uma greve por tempo indeterminado que ocorreu depois de uma assembleia, na qual a categoria rejeitou a proposta de reajuste salarial feita pela prefeitura de Geraldo Júlio (PSB).
Os professores fizeram uma caminhada pelas ruas centrais da cidade. Os docentes percorreram as principais ruas do Centro do Recife, passaram pela avenida Conde da Boa Vista e pela rua Dom Bosco, seguindo para a praça do Derby, onde fizeram um ato. No percurso, eles exibiam faixas com a palavra “greve”. Os mais de 6 mil docentes da ativa e aposentados reivindicam um reajuste de 12,84% e o cumprimento do piso nacional para uma parte da categoria.
Segundo a diretora de comunicação do Sindicato Municipal dos Profissionais de Ensino da Rede Oficial do Recife (Simpere), Sandra Souza, as negociações com a prefeitura começaram desde fevereiro. Depois do carnaval, informou Sandra, o município, cinicamente, apresentou uma contraproposta e ofereceu o reajuste, de forma parcelada, a partir de outubro.
Em entrevista ao monopólio de imprensa, Sandra desabafou “A prefeitura quer dar reajuste de 4,5% em outubro, 4%, em novembro, e o restante, em dezembro, sem conceder o retroativo. Além disso, a nossa data-base é em janeiro”, explicou.
Além da pauta salarial, os professores cobram melhorias na infraestrutura dos prédios. “Em alguns deles não há condições nem de colocar ar-condicionado”, disse Sandra. Os docentes apontam também déficit de professores. “Faltam mais de mil profissionais para o ensino fundamental I e cerca de 80 para o fundamental II”, declarou, revoltada.
Sem acordo digno, professores decidem paralisar
Algumas escolas da rede municipal do Recife começaram no dia 11/03 com funcionamento parcial. Em unidades da região central da capital e também da zona sul, a informação era de que parte das turmas não teriam aulas ao longo do dia.
Em algumas escolas do centro da capital pernambucana algumas aulas estão acontecendo, segundo denúncia do Simpere, porque os professores de contrato temporário estão sendo ameaçados de demissão caso apoiem a greve.
Educadores também reivindicam a realização de concurso público para preencher cerca de mil vagas na rede, eleições diretas para gestores de escolas e melhorias no plano de saúde do servidor, o Saúde Recife. Para Cláudia Ribeiro, coordenadora geral Simpere, o parcelamento é um “profundo desrespeito”.
“A proposta da prefeitura de dividir o percentual de 12,84%, quando a lei federal diz que ele tem que ser parcelado em janeiro, parcelado em três vezes a partir de outubro, é um profundo desrespeito. Nesse sentido, a gente continua em greve por tempo ilimitado. A gente estudou as contas da prefeitura do Recife e, ao contrário do que ela diz em rodada de negociação, a prefeitura tem condições de atender a nosso pleito. Uma nova reunião está marcada para o dia 12/03”, disse ela.
Escola Municipal Reitor João Alfredo faz rodízio de turmas durante greve dos professores — Foto: Camila Torres/TV Globo