Motoristas e cobradores protestam após demissões em massa. Foto: Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco
Motoristas e cobradores da empresa Transcol, no Recife (capital de Pernambuco) foram surpreendidos no dia 31/03 com uma demissão coletiva quando chegaram para trabalhar. Ao todo, cerca de 200 profissionais teriam sido demitidos.
“As empresas de ônibus estão demitindo em massa a categoria. São trabalhadores sem direito a nada”, explicou um trabalhador. No mesmo dia 31, os funcionários, revoltados, realizaram um protesto em frente à garagem da Transcol, localizada na BR-101, no bairro da Guarabira, zona norte do Recife.
Além de motoristas e cobradores de ônibus, estavam incluídos na lista de demissões fiscais e trabalhadores da manutenção dos veículos. Segundo o Sindicato dos Rodoviários em Pernambuco, além da Transcol, outras empresas teriam anunciado cortes no quadro de funcionários ou suspensões de salários, como a Globo, a Caxangá, a Itamaracá, a Vera Cruz e a Pedrosa. Cerca de 60% dos profissionais do transporte público devem ser lançados à rua neste mês de abril.
Mesmo tendo benefícios fiscais a perder de vista, acumulando fortunas com altas tarifas e oferecendo um serviço indigno às massas e salários defasados aos trabalhadores, as corporações que controlam o transporte público segue pedindo mais.
Em janeiro de 2013, o então prefeito Geraldo Julio assinou um projeto de lei que isentou os monopólios do transporte de pagar o Imposto Sobre Serviços (ISS) à prefeitura. Na mesma época, o governo estadual também abriu mão de outro imposto: o sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). O suposto objetivo foi dar maior financiamento às empresas, já inchadas de recursos, para melhorar o serviço. Isso nunca aconteceu. Em 2016, por sua vez, o consórcio que administra a região do Grande Recife acumulava, por ano, só com as tarifas, uma fortuna de R$ 1 bilhão.
Como é óbvio, o preço da tarifa só aumenta, enquanto o salário, todo esse tempo, recebeu tímidos reajustes. O motorista do Recife ganha uma média de R$ 2,2 mil para uma jornada de 44 horas semanais, o que equivale a um salário de mais ou menos R$ 12,50 na folha.
Agora que não são mais úteis para aumentar a riqueza dos grandes empresários do setor, os operários são lançados ao desemprego.