Nos últimos 10 anos, a violência policial em Pernambuco cresceu 400%, resultando em um cenário alarmante de brutalidade contra a população, especialmente jovens negros de favelas. Em 2023, o estado registrou uma média de uma pessoa morta pela polícia a cada três dias, totalizando 120 vítimas, um aumento de mais de 30% em relação ao ano anterior.
Caso Heloysa e Chacina de Camaragibe
No ano de 2022, em Porto de Galinhas, a menina Heloysa de 6 anos foi assassinada com um tiro de fuzil no peito enquanto brincava no terraço da casa da avó, disparado pelo BOPE. Em reação o povo de Pernambuco se levantou em revolta, fazendo uma grande jornada de manifestações combativas contra o genocídio perpetrado pela polícia, levantando barricadas nas ruas e gritando as palavras de ordem “BOPE assassino!” e “Justiça para Heloysa!”.
A justificativa dada pelos policiais foi tentar atirar em Manoel Aurélio da Silva Nascimento, afirmando que o motociclista estava armado. Porém, mais tarde no mesmo dia do assassinato de Heloysa foi provado que Manoel não tinha nenhuma arma. Em maio do mesmo ano, o motociclista foi assassinado pelo mesmo batalhão do BOPE.
Dos policiais, o único que sofreu consequências foi o atirador, que, em 2023, prestou “serviço interno” na polícia, segundo a Secretária de Defesa Social (SDS). Entretanto, os outros quatro membros do batalhão foram apenas realocados e seguem impunes dos dois crimes.
Além disso, um dos casos mais marcantes de violência policial, também no ano de 2023, foi a Chacina de Camaragibe, onde uma família inteira foi massacrada com um dos membros torturados. Um dia antes, Alex Silva Barbosa, um dos membros da família, matou a tiros dois policiais militares. Em retaliação, toda a família foi brutalmente assassinada por homens mascarados, torturando pessoas próximas à família, como o cunhado de Alex que, após ter sua esposa assassinada, foi torturado para revelar paradeiro do familiar.
Primeiro assassinaram três irmãos de Alex. Depois, mais de 10 homens invadiram a casa da mãe, que estava com sua nora, e as sequestraram. Os corpos só foram encontrados horas depois em um canavial em Paudalho, a quase uma hora de carro do local onde foram sequestradas. Depois mais dois irmãos, que estavam em transmissão ao vivo pelas redes sociais, gravaram o próprio assassinato por homens mascarados. Mais tarde do mesmo dia, Alex foi morto pelos policiais.
Os crimes têm importância agravada pelos dados. Em comparação com 2014, nesses 10 anos, a violência policial aumentou 444%, como noticiado pelo portal de notícias Marco Zero Conteúdo e ambos fazem parte dessa alarmante estatística. Novamente, destaca-se o caso da Chacina de Camaragibe, que contribuiu para o aumento de 30% dos assassinatos cometidos por agentes da polícia de 2022 para 2023, com em média uma pessoa assassinada a cada três dias. Segundo o estudo ‘Pelé Alvo’, em 2021 e 2022 a polícia matou apenas pessoas negras, agravando ainda mais a importância de ambos os casos.
Repressão ao movimento popular
É também marca da PM a repressão a movimentos populares de forma geral. Destaca-se o caso que acontece na maior área de conflito agrário do país, o Engenho Barro Branco, localizado no município de Jaqueira, Mata Sul do Estado, onde o latifúndio local usa da PM para reprimir os camponeses.
Outro caso notório foram as manifestações durante a pandemia, quando a polícia disparou balas de borracha, atingindo um ambulante de 51 anos que perdeu a visão de um olho. Os manifestantes organizaram uma linha de frente com escudos, devolvendo as bombas de gás lacrimogêneo lançadas pela PM.
Outros crimes e medidas paliativas por parte do Estado
Além dos casos citados, por todo o ano de 2024 o AND noticiou diversos crimes de policiais. Por exemplo:
- Policiais oprimem e extorquem população por meio de milícia privada
- Povo espanca policial militar que assassinou a ex-esposa
- PM’s comentem sequestro e saem impunes
- Policial Militar mata técnica de enfermagem grávida de três meses
O caso da menina Heloysa é a expressão aguda de que as forças policiais apenas buscam reprimir e intensificar a sua violência contra o povo. Nesse sentido, o aumento alarmante da violência policial em Pernambuco revela não apenas a falência de políticas de segurança pública, mas também a perpetuação de uma estrutura de repressão seletiva contra as classes populares.