A versão falseadora do percurso do Peabiru catarinense (patrocinada por um grupo político-empresarial e já denunciada pelo AND) de que a milenar via indígena passava por Joinville e Garuva, ficou isolada na segunda-feira dia 20, quando houve uma audiência pública na Assembleia Legislativa (ALESC). O ato serviu para debater a Lei da Rota Turística do Caminho de Peabiru no Estado de SC (no.18635/2022).
O grupo mostrou grande isolamento ao não receber apoio da Associação Nacional de História (ANPUH) nem de outros órgãos correlatos.
A ANPUH, representada por Eliziane Gava, doutoranda na USP, divulgou até Nota Oficial contra o engodo e também o ataque sofrido pela jornalista Rosana Bond, de AND, por parte de um vereador bolsonarista de Joiinville. A entidade fez ressalva quanto a inclusão das 2 cidades na Rota, “devido à falta de comprovação”. Isso conforme “as principais pesquisas acadêmicas das últimas décadas ou nas investigações realizadas mais recentemente.”
IPHAN também desmente
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), por sua vez, também desmentiu o grupo ao negar que houve presença dos incas em S. Catarina, como dizem os prepostos joinvilenses e garuvenses ao referirem-se a certas obras supostamente “peabiruanas/incaicas” em seus municípios.
A arqueóloga Ágatha Ludwig, do IPHAN, fez leitura de laudos do Instituto, como o de uma Vistoria Técnica de 15/7/2008, descartando presença dos andinos peruanos no território de SC.
Ela também apresentou à parte, em longo arquivo postado aos organizadores da audiência, vários documentos provando que a Estrada do Monte Crista/Ambrósios/3 Barras (Garuva), feita com pedras irregulares, não é de autoria ou inspiração inca, mas sim bem brasileira, dos anos 1850.
“Um artigo estranho, muito estranho”
A jornalista Rosana Bond, que estuda o Peabiru há quase 30 anos, com 5 livros (publicados digitalmente pela Edit.Aimberê/jornal AND)
assegurou, em sua palestra na ALESC, que não existe prova séria nenhuma de que o Caminho tenha passado por Joinville e Garuva. Nem que tenha ali recebido ajuda inca ou a passagem do construtor lendário Sumé (ser indígena cristianizado como S.Tomé) no Quiriri e Monte Crista.
Trata-se, dizem ela e o pesquisador Fábio Krawulski Nunes, de propagandas enganosas já denunciadas ao MPF, que as aceitou.
Rosana apontou ainda o aparecimento, dias atrás, de um “artigo acadêmico estranhamente cheio de erros primários.Coisa estranha, muito estranha para professores de universidade”, no caso a Unifacvest de Lages-SC.
Com o título de Turismo e Construções Sustentáveis de Apoio aos Caminhos de Peabiru em SC foi escrito por 5 pós-graduados, citando o Monte Crista como peabiruano. Sem usar nenhuma bibliografia histórica respeitada, os autores cometem erros básicos como a afirmação: “O Caminho de Pebiru é um antigo caminho construído pelos incas e comunidades indígenas, que liga o Peru ao Brasil.”
