O relator da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que busca limitar a participação dos militares reacionários na política, Jorge Kajuru (PSB), afirmou que, após conversas com o governo, decidiu mudar a proposta e permitir que militares da ativa assumam cargos de direção nos ministérios. De acordo com o governo, a ideia é apresentar uma “versão mais branda do texto”, buscando gerar menos atritos com as Forças Armadas reacionárias.
A articulação da brecha foi feita por intermédio do líder do PT no Senado, Jacques Wagner e pelo ministro da Defesa, José Múcio. O relator da PEC, acuado frente aos militares, também agradou-se com a mudança. “Se você radicalizar, aí os militares da oposição vão para cima”, declarou ao monopólio de imprensa O Globo.
O recuo do governo vai no sentido contrário do que Luiz Inácio afirmou durante sua campanha eleitoral e nos primeiros meses de mandato. No dia 18/01, o gerente de turno disse ao monopólio de imprensa que “quem quiser fazer política, que tire a farda”. Apesar disso, Luiz Inácio manteve um general à frente do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), permitiu a tutela do Alto Comando das Forças Armadas (ACFA) em trâmites como a CPMI do 8/1 e, agora, dá aval, por meio de sua equipe, para a chefia militar nos ministérios.
É um caminho perigoso seguido pelo governo, que teme o defenestramento de sua gerência por parte dos militares. Recuar frente à tutela militar não levará o ACFA a relaxar o pulso firme que mantêm em torno do novo governo. Ao contrário, quanto mais o governo, seja diretamente, seja por meio de sua equipe, cede à caserna, mais os militares imporão seus mandos e desmandos sobre Luiz Inácio.