‘Pela Revolução Agrária e contra as queimadas’: Manifestação anti-latifúndio estremece SP

A manifestação ocorreu no cenário de agudização da luta pela terra no país, tanto por camponeses quanto por indígenas.
Faixa erguida contra o latifúndio, na manifestação do dia 22.

‘Pela Revolução Agrária e contra as queimadas’: Manifestação anti-latifúndio estremece SP

A manifestação ocorreu no cenário de agudização da luta pela terra no país, tanto por camponeses quanto por indígenas.

Pela segunda semana consecutiva, milhares de pessoas se reúnem no centro de São Paulo (SP) em uma manifestação contra o latifúndio, as queimadas e em apoio à Revolução Agrária no dia 29 de setembro. O protesto reuniu estudantes, ativistas e indígenas.

Uma grande faixa vermelha levantou a consigna Viva a Revolução Agrária! Morte ao latifúndio!, enquanto bandeiras de organizações como a Liga dos Camponeses Pobres (LCP), Movimento Estudantil Popular Revolucionário (MEPR) e Movimento Feminino Popular (MFP) foram erguidas pelos manifestantes.

Os manifestantes também levantaram cartazes pelo fim do marco temporal e picharam pontos da cidade com a mesma exigência. Uma outra faixa, assinada pelo jornal Correria, defendeu que Nem tudo é sobre as eleições!.

“Nem tudo é sobre as eleições”, diz faixa do Jornal Correria. Foto: Captura de Vídeo/Jornal Correria

A Polícia Militar (PM) foi mobilizada para tentar dissuadir os manifestantes. Um vídeo registrou uma policial com uma bomba de gás na mão, pronta para ser lançada. Contudo, os ativistas não recuaram e a manifestação seguiu.

O ativista Paulo Galo (Galo de Luta), que ajudou na organização do protesto, disse que o ato expressou combatividade desde a organização. “Não precisamos avisar a polícia que hora iniciaremos e quando encerraremos, muito menos informar o nosso percurso, pois esse tipo de passeata é uma escola de burocratas e nos não precisamos de mais burocratas, precisamos de novas e novos lutadores para que eles produzam novas lutas e assim consequentemente até a derrubada desse sistema podre!”.

A manifestação foi convocada após semanas de queimadas extensivas pelo Brasil. As queimadas ocorreram de forma coordenada, ampla e em regiões de atuação do latifúndio, sendo associada a esse setor.

Manifestante picha “Não ao Marco Temporal”. Foto: Jornal Correria

O latifúndio é interessado nas queimadas tanto por questões econômicas (expansão da fronteira agrícola e expulsão do campesinato e indígenas de determinadas regiões) como políticas, uma vez que o latifúndio bolsonarista tem interesse instalar um cenário de maior militarização no campo por meio da promoção de atentados.

O que é Revolução Agrária?

A manifestação foi um apoio contundente à luta camponesa revolucionária atualmente em curso no interior do País.

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A Revolução Agrária é um processo revolucionário defendido e realizado por movimentos combativos da luta pela terra, como a Liga dos Camponeses Pobres (LCP). Esse caminho, conforme defendido por esses movimentos, consiste em:

  1. Extinção do latifúndio nas áreas de desenvolvimento e consolidação do movimento camponês, com imediata mudança do caráter da propriedade da terra e dos demais meios de produção. Entende-se que a extinção do latifúndio, como instituição e classe social, leva à extinção das relações semifeudais no campo, ao menos nas áreas ocupadas pelo movimento camponês.
  2. Libertação e desenvolvimento das forças produtivas no campo (do homem, da técnica, dos instrumentos de produção, dos hábitos de trabalho e das tradições de ofício), através da implantação de propriedades individuais de estrutura coletiva que comportem pequenos lotes, com consequente aumento da produtividade e produção agrícolas, estabelecendo novas relações de produção, assentadas numa crescente cooperação, que desenvolva do nível inferior ao superior.
  3. Estabelecimento do poder político das massas trabalhadoras nas áreas onde se processa a libertação das forças produtivas, incorporando os camponeses pobres, assalariados agrícolas e fazendeiros que se opõem à política latifundiária, burocrática e imperialista vigente em nosso país.
  4. A estatização, nas mãos do poder político do Novo Estado revolucionário, das grandes empresas capitalistas no campo.

A Revolução Agrária é também parte e primeira etapa da Revolução de Nova Democracia no País, pela destruição do capitalismo burocrático e do imperialismo e por uma verdadeira e nova Democracia, com o estabelecimento de uma nova economia, um novo poder e uma nova cultura.

A aguda luta no campo

A manifestação ocorre também no cenário de agudização da luta pela terra no país, tanto por camponeses quanto por indígenas.

Os últimos meses ficaram marcados por violentos confrontos entre indígenas e camponeses, de um lado, e latifundiários, no outro.

No Mato Grosso do Sul, onde indígenas Guarani-Kaiowá derrotaram uma operação de cerco e aniquilamento de pistoleiros.

No Paraná, os Avá-Guarani enfrentaram, em mais de um ponto, pistoleiros do latifúndio e tropas da Força Nacional. Em um dos dias de confronto, um fuzil de um oficial da Força Nacional foi confiscado no meio de uma reintegração de posse respondida pelos indígenas.

Em Pernambuco, uma grande manifestação camponesa em Jaqueira, apoiada por estudantes de Recife, derrotou uma tentativa de despejo feita por pistoleiros e policiais. Os camponeses incendiaram barricadas, encurralaram as tropas e conseguiram expulsar os mercenários da terra.

O apoio da luta por meio de manifestações nas cidades é um meio poderoso de apoio para impor a luta pela terra e a Revolução Agrária como uma pauta nacional e urgente do povo brasileiro.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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