Foto: EFE / Stringer
No dia 4 de julho, o governo reacionário de Martín Vizcarra autorizou as Forças Armadas peruanas a intervirem para reprimir a greve de tempo indeterminado que está ocorrendo na região de Arequipa, contra o projeto de mineração de cobre conhecido como “Tia Maria”.
A medida autorizou que as Forças Armadas apoiem militarmente a Polícia Nacional Peruana por 30 dias visando “o mantimento da ordem” no porto de Matarani, um dos locais que seria afetado pela mineração. O porto havia sido bloqueado por dez dias pelo protesto dos camponeses, como forma de exigir que o governo não entregue a licença à mineradora imperialista Southern Copper Corporation (SCC), que pretende iniciar uma exploração na região.
De acordo com o monopólio de imprensa peruano, o velho Estado havia “perdido o controle” sobre a região, que já está em greve por tempo indeterminado desde o dia 4 de agosto e conta com a participação de vários sindicatos classistas e combativos, como os sindicatos dos trabalhadores da educação e o da construção.
De acordo também com o jornal do monopólio de imprensa peruano El Comercio, em várias ocasiões, durante a greve iniciada no dia 4, policiais reprimiram os camponeses e demais massas populares com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha, sendo diversas vezes rechaçados por comerciantes e transeuntes.
Camponeses marcham contra o projeto Tia Maria. Foto: Zenaida Condori / El Comercio
A luta contra o “Tia Maria” acontece desde 2009, quando o projeto foi anunciado. Agora, em apenas algumas semanas de combatividade intensa, os camponeses já contam com o apoio de vários setores.
As atividades escolares na cidade de Arequipa, por exemplo, foram suspensas, enquanto manifestações são constantes em todas as áreas afetadas pelo projeto. Até agora, após o bloqueio de diversas rodovias e a paralisação do comércio, as grandes empresas exportadoras de cobre tiveram um prejuízo de 390 milhões de dólares.
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Os camponeses locais, se mobilizando contra o projeto, defendem as suas terras e seus plantios, que seriam prejudicados com a água e solo contaminados pela extração de minério. Além disso, os camponeses teriam limitadas as suas áreas de plantação e da água utilizável, o que significaria a perda de seu meio de subsistência.
Desde o começo da greve regional de tempo indeterminado, oito pessoas foram detidas e uma mulher foi ferida no braço com uma arma de fogo. Os camponeses e apoiadores temem que, com a chegada das Forças Armadas, a repressão se impulsione ainda mais.
O governador local de Arequipa se posicionou em um noticiário da grande imprensa, onde disse: “Eu quero dizer ao presidente que assuma suas responsabilidades: se houver greve, haverá mortos e haverá gente ferida”.
A luta dos camponeses persiste desde 2011 e já causou a morte de oito manifestantes (Aurelio Huarcapoma, 50 anos; Nestor Cerezo, 31; e Andrew Taype, 22 anos, apenas em 2011), além de diversas pessoas feridas. Uma liderança local já foi presa arbitrariamente durante nove meses.
Camponeses no enterro de uma das vítimas da repressão aos protestos de 2015 contra o Tia Maria
Vídeos dos protestos