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No dia 10 de setembro, os trabalhadores da mineração do Peru iniciaram uma grande greve nacional de tempo indefinido, exigindo direito à negociação global, aumento de salário e melhores condições de trabalho. A Federação Nacional dos Trabalhadores Mineiros e Metalúrgicos do Peru (FNTMMP) declarou que mais de 45 mil trabalhadores vêm se juntando à greve em diferentes minas do país.
A greve nacional acontece após as empresas do setor de mineração terem se negado a negociar com a Federação de Mineração, Metalurgia e Siderurgia do Peru uma lista única de reivindicações, demandas a que os trabalhadores do setor têm direito há uma década, por acordo do Tribunal Constitucional.
No dia 15 de agosto, a FNTMMSP enviou uma carta ao presidente fascista, Martin Vizcarra, para dialogar antes de decidir entrar em greve nacional indefinida. A resposta do Executivo foi através do Ministério do Trabalho e Promoção do Emprego (MTPE), que convocou uma reunião da federação dos trabalhadores de mineração e representantes da Sociedade Nacional de Mineração, mas a corporação empresarial não compareceu.
A FNTMMSP informa que as empresas de mineração aumentaram sua rentabilidade em até 50%, com lucros de 160% e uma cifra anual de 29 bilhões de soles. “Enquanto isso, os trabalhadores só recebem um aumento salarial anual de 2%”, diz o secretário geral da federação dos mineiros.
Além disso, os trabalhadores se colocam contra um decreto recente que estabelece a nova “Política Nacional de Competitividade e Produtividade”, aprovada pelo governo, que diminuiria os direitos dos trabalhadores.
No entanto, o presidente Martín Vizcarra defendeu a nova lei da competitividade em um fórum de negócios, e o Ministério do Trabalho declarou que uma greve nacional seria “inadmissível”. Ele também propôs uma “nova lei de mineração”, porém não especificou o que ela será, e no que implicará.
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Sobre isso, Jorge Juaréz, presidente da FNTMMSP, coloca que: “Acreditamos que deveria haver uma Nova Lei Geral de Mineração, que deveria incluir, para começar, a eliminação da terceirização do trabalho. Além disso, deve-se considerar aqui a realização de grandes mudanças na questão tributária, uma vez que os empresários de mineração recebem mais do que contribuem, além de usufruírem do direito contratual em quase todos os grandes projetos de mineração, o que facilita a redução de seus impostos. Isto também lhes permite ter um preço de mercado diferente do preço internacional dos metais”, protestou.
Uma das regiões mineiras que está em greve é Arequipa, onde também está acontecendo outra greve de tempo indeterminado de camponeses contrários à construção do megaprojeto mineiro conhecido como “Tía María”, encabeçado pela Southern Copper Corporation.
A mineração no Peru, o sexto maior produtor mundial de ouro, é essencial para a economia atrasada e submetida do capitalismo burocrático, pois representa 60% das exportações do país. Por esse motivo, o governo de Martín Vizcarra tem mobilizado as forças repressivas para esmagar a greve.
Desde o começo da greve, as manifestações e concentrações dos trabalhadores mineiros têm sido respondidas com violência policial. No dia 11, segundo dia de greve, o governo organizou uma forte repressão à mobilização que marchava em direção à Sociedade Nacional de Mineração e Petróleo em Lima.
Nesse dia, centenas de trabalhadores bloquearam a Avenida Abancay por vários minutos, onde foram registrados os confrontos com a polícia. Os agentes do velho Estado jogaram gás lacrimogêneo para repelir a marcha. Apesar disso, os trabalhadores seguiram, decididamente, até o Congresso para exigir a aprovação de negociação coletiva para o sindicato e o respeito por seus direitos como trabalhadores.