Mesmo com denúncias sobre diversas unidades estarem operando abaixo do efetivo estipulado, a Petrobras reabriu, no começo de 2021, o PDV 2019 – programa de demissão voluntária – que havia sido encerrado há seis meses.
Foto: André Motta/Agência Petrobras
Trata-se de um dos três programas de demissão voluntária lançados pela atual gestão da estatal e abrange o maior número de funcionários aptos a aderir. É destinado a empregados que recebem aposentadoria pelo INSS. No PDV anterior, mais de 10 mil trabalhadores se desligaram da empresa, o que representa 22% do total.
“A realidade da companhia é de falta de um quadro efetivo com o número mínimo de trabalhadores para que seja garantida a segurança dos funcionários, da comunidade em torno às unidades e da própria empresa”, lê-se em texto divulgado no site da Federação Única dos Petroleiros (FUP).
De acordo com a diretora da FUP, Cibele Vieira, as medidas foram tomadas unilateralmente, isto é, sem discussão prévia com os representantes sindicais. Vieira também afirmou que a empresa estaria reduzindo de 25% a 50% o salário de quem deseja permanecer nos cargos e aumentando a gratificação para quem se inscrever no PDV.
“Por conta do concurso público, os funcionários não podem ser demitidos, por isso a Petrobrás utiliza alternativas para desligamentos e busca reduzir o efetivo com aposentadorias e programas de desligamento, enquanto tenta sanar a falta de trabalhadores, de maneira falha, com alternativas como o Mobiliza”, afirmou o coordenador da regional Campinas do Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo (Unificado-SP), Gustavo Marsaioli.
O “Mobiliza Contínuo” é um plano de carreiras e renumeração criado como alternativa para suprir a falta de funcionários em determinadas áreas. O programa promove a intermediação para mudança de funções dentro da empresa ou transferência de unidades de trabalho e já foi criticado, pelos funcionários, de pouca transparência e de ser incapaz de qualificar os trabalhadores no tempo necessário.
Reflexos da privatização
A Petrobrás caminha a passos largos rumo a privatização. De acordo com o portal de notícias Brasil de Fato, a gestão Bolsonaro já se desfez indiretamente de 16,2% das ações ordinárias da estatal. Com isso, o Estado passou a deter apenas 50,2% da petroleira, o limite para manter seu poder de decisão.
O próprio diretor da empresa, Roberto Castello Branco, é claro sobre suas intenções. Quando assumiu o cargo, afirmou que a venda da Petrobras e de outras companhias públicas “foi sempre o sonho”. “Não podemos ter tudo o que queremos, mas podemos tentar”, concluiu.