PI:  Em protesto, cinco ônibus são queimados após assassinato de dois trabalhadores em Teresina

Massas da Vila Mocambinho, em Teresina, se rebelaram após o assassinato de dois trabalhadores pela Polícia Militar (PM) e incendiaram cinco ônibus na zona norte e zona leste da cidade.
Povo incendeia ônibus em Teresina após assassinato de trabalhadores pela polícia. Foto: Reprodução
Povo incendeia ônibus em Teresina após assassinato de trabalhadores pela polícia. Foto: Reprodução
Povo incendeia ônibus em Teresina após assassinato de trabalhadores pela polícia. Foto: Reprodução

PI:  Em protesto, cinco ônibus são queimados após assassinato de dois trabalhadores em Teresina

Massas da Vila Mocambinho, em Teresina, se rebelaram após o assassinato de dois trabalhadores pela Polícia Militar (PM) e incendiaram cinco ônibus na zona norte e zona leste da cidade.

Massas da Vila Mocambinho, em Teresina, se rebelaram após o assassinato de dois trabalhadores pela Polícia Militar (PM) e incendiaram cinco ônibus na zona norte e zona leste da cidade, na noite do dia 17 de abril. Após a ação de revolta das massas, a PM promoveu uma grande operação em que prendeu arbitrariamente mais de 10 pessoas.

José Nilton de Sousa e Samuel Magno, ambos de 27 anos, foram assassinados pela PM durante a tarde no dia 17/04. A mãe de José Nilton de Sousa, Raimunda Maria, afirmou em entrevista com um jornal local que seu filho não é bandido e que os policiais jogaram o corpo dele numa viatura.

Raimunda Maria contou que estava trabalhando, quando chegou em casa e foi avisada que seu filho foi baleado. Ela contou que foi até o local apontado e que lá não conseguiu ver José de perto. Ela relatou que ele estava dentro de uma viatura e que os policiais não deixaram ela entrar no veículo. 

O irmão de José Nilton também denunciou o crime contra o povo, denunciando que os jornais do monopólio de imprensa noticiaram que seu irmão era suspeito de cometer crimes: “Ele só estava dentro de casa, a polícia chegou na rua e atiraram nele”.

A família ainda denuncia que José Nilton estava vivo na viatura, mas que, ao invés de ser levado ao hospital, foi levado ao Instituto Médico Legal (IML).

PM acusa sem provas

A PM alega, sem mostrar provas, que os dois trabalhadores eram “suspeitos” de “fazerem parte da mesma quadrilha” que assaltou um coronel da reserva na madrugada daquele dia, porém que os assaltantes “não haviam sido identificados” e que “poderiam ser os que morreram”. Demonstrando, dessa forma, que na realidade que os dois trabalhadores foram mortos para “vingar” o militar baleado em circunstâncias que sequer foram investigadas.

Além disso, afirmam que os trabalhadores teriam atacado a guarnição com tiros. Não apresentaram nenhuma viatura ou policial atingidos, e nem mesmo cápsulas de bala ou o suposto armamento. Com isso, os policiais buscaram legitimar a sua atuação assassina e terrorista contra os moradores de bairros pobres tachando-os de “criminosos”.

Expedições punitivas, ou operações “de vingança”, contra comunidades pobres têm se tornado cada vez comuns em todo o país. Especialmente no Rio de Janeiro, tropas policiais levam terror à milhares de trabalhadores, privando-os de direitos básicos (como o de ir e vir e o direito à inviobilidade do lar) e descumprindo até mesmo medidas judiciais.

Operação punitiva é desatada contra o povo

Revoltados contra o assassinato dos trabalhadores, a ação de revolta das massas incendiou 5 ônibus. Em resposta à rebelião popular, mais de 200 policiais civis e militares desataram uma operação nas favelas da cidade, que contou também com agentes do Batalhão de Operações Policiais (Bope) da PM e com helicópteros.

Protestos contra a violência policial acontecem por todo o país

Somente nos dias 17 e 18/04, o AND levantou ao menos três outros casos de protesto contra a violência policial no país. 

No Rio de Janeiro, em 18/04, moradores da favela Cidade de Deus protestaram na rua Rua Edgard Werneck contra uma operação policial desatada na comunidade que assassinou três pessoas.

No Pará (PA), no dia anterior, familiares e amigos interditaram a rodovia PA-252 em Moju após o trabalhador Rogério Perez, de 27, ter sido sepultado, na parte da tarde. Ele foi assassinado no dia 16/07, em frente à mãe, com cinco tiros, sendo três à queima roupa, por quatro agentes da PM. Rogério morava com a mãe na zona rural de Moju e tinha um filho de 9 anos de idade. 

Já em Pernambuco (PA), na capital Recife, manifestantes bloquearam a Avenida Agamenon Magalhães contra a prisão de um jovem inocente, o nome do jovem ou idade não foram divulgados.

Velho Estado promove genocídio contra o povo

A violência policial tem batido, ano após ano, recordes no Brasil. Nos anos de 2020 e 2021, foram 6.416 e 6.145 pessoas assassinadas pelas forças de repressão, respectivamente. Em relação à 2013, ano em que o Anuário de Segurança Pública, que coleta os dados, foi lançado, o aumento no número de mortes decorrentes de intervenção policial no ano de 2020 foi de 190%.

Fato é que a maioria dos assassinados são pobres e pretos. Uma pesquisa do ano de 2017 revelou que na cidade de São Paulo, 90% das mortes causadas por PMs ocorreram nos bairros distantes do centro, grande parte na zona leste, a mais pobre da cidade.

Esse genocídio desenfreado contra o povo é expressão da guerra civil reacionária desatada pelo velho Estado brasileiro, representante dos interesses das classes dominantes. Quanto mais se aprofunda a crise geral do capitalismo burocrático no Brasil, tanto mais é necessário que se mantenha o controle e cerco social contra os pobres. Matando, prendendo e mantendo o povo que ali vive sob constante terror, se evita que se levante essa massa de pobres, uma vez que o sistema de exploração e opressão não tem nada a oferecer ao povo.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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