Após 12 dias com as frotas 100% paralisadas, os motoristas e cobradores de ônibus de Teresina encerraram sua grande greve combativa em 22 de março. Os trabalhadores conquistaram o aumento nos salários, auxílio alimentação e na assistência à saúde. Além disso, receberam seus salários que estavam atrasados há mais de 40 dias.
Antes da greve, no dia 06/03, os trabalhadores do transporte público, carroceiros e integrantes da Associação dos Cadeirantes de Teresina já haviam realizado um protesto conjunto em frente à Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi) e bloquearam a avenida da assembleia com pneus em chamas. Eles exigiam o cumprimento de seus direitos em relação a salários, auxílios, e a prestação de serviços essenciais.
Greve combativa e vitoriosa
Com a greve, motoristas tiveram reajuste de salário de R$ 2 mil para R$ 2.070,00 e os cobradores, que atualmente recebiam R$ 1.302,00, passam a ser remunerados com R$ 1.347,57. Esses valores deverão ser pagos até 30 de junho. A partir do dia 1º de julho os motoristas passam a ganhar R$ 2.120,00 e cobradores R$ 1.381,26. Ao total, houve um aumento de 6% nos salários.
O auxílio-alimentação dos trabalhadores passa de R$ 170 para R$ 350 e a assistência à saúde passa de R$ 70 a R$ 80. Ficou definido ainda, conforme solicitação dos trabalhadores, que as empresas deverão pagar 40% do salário no dia 20 de cada mês, a partir de abril deste ano.
Salários de miséria
Desde o dia 08/03 os trabalhadores realizavam paralisações reivindicando o pagamento dos salários, que estavam, em alguns casos, há mais de 40 dias em atraso. Além de terem seus salários atrasados, os trabalhadores recebiam salários de fome e auxílios miseráveis, como o auxílio-alimentação de R$ 170. Isso, enquanto um salário mínimo digno para 2023 deveria ser de pelo menos R$ 6,6 mil, segundo pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
A categoria reivindicava reajuste de 20% de aumento salarial, auxílio-alimentação de R$ 600,00 e assistência à saúde de R$ 84.
Ato conjunto reuniu trabalhadores e usuários do transporte
No ato conjunto realizado em frente à Alepi, no dia 06/03, motoristas, cobradores, carroceiros e usuários do transporte público com deficiências físicas denunciaram uma série de ataques aos seus direitos promovidos pela prefeitura e pelas empresas contratadas.
Antônio Cardoso, presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Rodoviário (Sintetro) afirmou que já é rotina a falta de ônibus na cidade e denunciou o atraso nos salários dos trabalhadores: “Falamos disso diariamente, mas não resolvem”.
Ana Cristina Lima, presidente da associação dos carroceiros, também presente no protesto, destacou que vários problemas ligados aos trabalhadores nunca foram resolvidos, embora sua resolução tenha sido prometida pelo prefeito Dr. Pessoa (Republicanos).
“Foi prometido um auxílio para os carroceiros, mas não foi cumprido, já cansei de andar para a prefeitura e não resolver nada. Chegou ao ponto de animal recolhido [pela prefeitura] ser morto. Agora a população viu, mas isso já acontece há muito tempo. E essa família está sendo amparada pelos próprios carroceiros. A maioria não tem nem pra eles mesmos, mas está ajudando”, informou.
Outro grave problema foi relatado por Valdenício Martins, vice-presidente da associação dos cadeirantes de Teresina. Ele denuncia que não há veículos disponíveis para atender a demanda das pessoas com deficiência que precisam do Transporte Eficiente na capital. O problema tem afetado até mesmo quem depende do transporte para realizar tratamentos de saúde.