A liderança camponesa Francisca Silva Nascimento, de 36 anos, sofreu uma tentativa de assassinato no dia 3 de março, no município de São João do Arraial, na região da Mata dos Cocais, no Piauí.
O ataque foi realizado por um casal, vizinho de Francisca, que não concordou com a ação do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB) do Maranhão, Pará, Piauí e Tocantins, da qual Francisca é coordenadora-geral, que retirou as cercas das fazendas que bloqueavam o acesso ao açude Santa Rosa, visando atender cerca de 300 famílias de 30 comunidades rurais.
O casal foi até a residência de Francisca Nascimento cobrar o pagamento da cerca. O esposo sacou uma faca e tentou golpear a liderança camponesa, que se esquivou e conseguiu fugir do local em uma motocicleta. Segundo nota da Comissão Pastoral da Terra (CPT), esse casal já vinha realizando ameaças desde novembro do ano passado, quando as quebradeiras de coco babaçu resolveram reconstruir o açude Santa Rosa, destruído por esse casal.
“A gente está na retomada de água, de um açude que foi arrombado há mais de dez anos. Eles tinham arrombado a represa da água e isso trouxe muitos prejuízos porque ficamos sem água para viver. Cortaram a parede que segurava a água para nós. Secaram o açude para que eles fizessem uma roça, plantar arroz, essas coisas. Estamos sofrendo por água”, explicou Francisca Nascimento em entrevista ao jornal Cidade Verde.
Nos últimos meses, os camponeses vêm retirando as cercas de latifúndios, com o objetivo de ter acesso aos açudes e babaçuais. Os latifundiários e seus bandos paramilitares cercam e proíbem os camponeses de terem acesso às fontes de água e de coletarem os babaçus, principal fonte de sustento das famílias da região.
A luta dos camponeses da região têm contrariado o interesse de latifundiários locais, que por meio da ação de pistoleiros têm realizado ameaças de morte, agressões físicas e verbais contra as famílias.