O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,4% no segundo trimestre de 2024, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do dia 3 de setembro. O crescimento não reflete soluções, contudo, em questões importantes da economia brasileira, como a profunda desigualdade do País.
Os setores que cresceram foram a Indústria (1,8%), Serviços (1%), Consumo do governo (1,3%), Consumo das famílias (1,3%), Investimentos (2,1%), Exportações (1,4%), Importação (7,6%).
A Indústria foi impactada pelo crescimento das atividades de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (4,2%) e Construção (3,5%).
O setor da construção foi impulsionado por projetos do governo e crédito a grandes burgueses do ramo das empreiteiras, sobretudo por meio do Projeto de Aceleração e Crescimento (PAC) e do Minha Casa, Minha Vida (MCMV). Ambos são projetos que beneficiam sobretudo as empresas da grande burguesia, com histórico de exploração sobre os operários contratados para as obras.
A alta de outros setores também esteve relacionada ao aumento nas construções: o consumo do governo, por exemplo, cresceu por conta das obras e investimentos novos na corrida para a nova edição da farsa eleitoral. Já os investimentos estão ligados a produção de máquinas e equipamentos que são usados nas obras.
O consumo das famílias cresceu, mas os índices de pobreza fazem com que o aumento da capacidade de compra ande junto com o endividamento do povo. Os próprios dados oficiais relacionam o consumo da família com o acesso ao crédito. É algo que preocupa, já que em 2023, 77,8% da população brasileira estava endividada.
PIB é igual a qualidade de vida?
Estudos indicam desde o final do século passado que não existe um paralelo direto entre o PIB e qualidade de vida, como conta o historiador Nelson Werneck Sodré no livro Brasil: Radiografia de um modelo. A verdade é reafirmada até mesmo por analistas burgueses do Estados Unidos (EUA).
Isso porque, dentre as várias manobras para calcular o PIB de forma a superestimá-lo, o índice calcula o que foi produzido no País, mas ignora o quanto que dessa produção pertence às massas populares que vivem no Brasil e às empresas de fato nacionais e o tanto que foi absorvido pelas grandes empresas brasileiras de fachada ou imperialistas.
Como a economia brasileira passa por um processo de desnacionalização há décadas, esse cálculo deveria ser feito no índice.
Há ainda os problemas de desigualdade social. No Brasil, apesar da alta do PIB, 60% dos ativos no país estão concentrados em 1% da população, reflexo da profunda desigualdade social que ainda cinde a Nação.
Entre 2020 e 2023, as classes dominantes brasileiras aumentaram suas riquezas, com base na exploração do povo, em 34%. Em números reais, a alta foi de 3,3 trilhões de dólares – valor que é 60% maior que todo o PIB brasileiro.
O Brasil também continua saqueado ano após ano pela dívida externa, uma herança dos laços do regime militar brasileiro com o imperialismo norte-americano nunca resolvida. Em 2023, a dívida pública brasileira subiu para R$ 8,07 trilhões, equivalente a 74,3% do PIB do País.
É verdade que o PIB aumentou. Os membros do governo aproveitam a alta para fazer novas previsões ousadas. O povo, contudo, está alheio à festança, esmagado pelos índices imutáveis de miséria, endividamento e exploração.