AM: Pistoleiros e PMs atacam camponeses em Lábrea

Pistoleiros dispararam contra camponeses e policiais confiscaram caminhão deixado pelos trabalhadores com material de acampamento e suprimentos.
Camponeses vivem de bicos, mas continuam na luta pela conquista de um pedaço de terra. Foto: Foto: Gleilson Miranda/Varadouro

AM: Pistoleiros e PMs atacam camponeses em Lábrea

Pistoleiros dispararam contra camponeses e policiais confiscaram caminhão deixado pelos trabalhadores com material de acampamento e suprimentos.

No dia 29 de abril, pistoleiros atacaram camponeses que erguiam estruturas em uma área desocupada localizada entre os latifúndios Fusão e Nova Holanda, em Lábrea (AM). A região fica na divisa com o Acre, dentro da região fronteiriça chamada Amacro (acrônimo para Amazonas, Acre e Rondônia) e conhecida pelos violentos conflitos agrários.

Os camponeses foram obrigados a deitar no chão ou correr para evitar a morte. “Foi um tiro de rajada”, disse um dos agricultores, em entrevista ao jornal progressista O Varadouro.

Ao sair do latifúndio, eles andaram por 14 quilômetros (km) até o local onde deixaram o caminhão com materiais para acampamento ou suprimentos, mas descobriram que a Polícia Militar do Acre havia guinchado o veículo. Por isso, tiveram que andar mais 20 km pela BR-317 até a Vila Caquetá.

Acontecimentos como esse são comuns na região. No ano passado, pistoleiros torturaram e atiraram contra camponeses que tentaram ocupar o latifúndio Fusão.

Mesmo sob as intimidações, torturas e ataques, os camponeses continuam a lutar pelo seu pedaço de terra como única alternativa possível.

Região dos conflitos

O Incra classificou a fazenda Palotina como latifúndio e iniciou sua arrecadação para famílias camponesas que há anos enfrentam ameaças, agressões, torturas e casas incendiadas. Em janeiro de 2025, um camponês do acampamento Marielle Franco (latifúndio Palotina ocupado) foi encontrado morto com um tiro no queixo.

Apontado pelos trabalhadores como autor das intimidações, o latifundiário Sidnei Sanches Zamora possui propriedades do Acre ao Amazonas. Em novembro de 2024, seu filho teve prisão preventiva decretada por grilagem. O latifundiário diz que a prisão foi revogada pela defesa.

Segundo as investigações, o filho do latifundiário apresentou um documento em 2019 em defesa de sua posse, tendo assinatura de João Miguel Souza Aguiar Maia de Sousa, coronel e ex-ouvidor agrário nacional no governo Bolsonaro, que orientou o Incra a não receber entidades sem “personalidade jurídica” e “invasores de terra”, criminalizando de forma escrachada os camponeses que lutam por suas terras. 

Segundo Denis da Silva Pereira, superintendente do Incra no Amazonas, o registro de Zamora Filho foi cancelado e a região foi reconhecida como terra devoluta, derrubando por completo a alegação do latifundiário de que as terras seriam suas.

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