Planos de saúde lucram R$ 15 bi durante pandemia

Planos de saúde lucram R$ 15 bi durante pandemia

Foto: Marcello Casal Jr.

R$ 15 bilhões. Esse foi o lucro líquido acumulado pelas operadoras de planos de saúde no ano de 2020. Mesmo com a crise econômica e o desemprego, esse montante representa um aumento de 66% em relação ao ano anterior, no qual o lucro do setor foi de 9 bilhões.

Devido às medidas de isolamento social no Brasil, as demandas por exames, consultas e cirurgias não essenciais diminuíram no setor privado, o que gerou queda nas despesas das operadoras, mesmo com a covid-19.

Essas razões, contudo, não são suficientes para justificar todo o lucro.

O setor se aproveitou também da ausência de fiscalização e de regulação. A inadimplência das operadoras dos planos permaneceu próxima dos índices históricos, entre 7% e 10%.

Além disso, os valores dos planos vinham aumentando desde agosto. A pressão e o repúdio popular forçaram a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) a suspender a aplicação dos reajustes entre os meses de setembro e dezembro de 2020. Para esse ano, porém, eles serão liberados e as operadoras poderão inclusive repor tudo o que deixaram de receber. Ou seja, não chegou a ser um congelamento, mas somente um adiamento da cobrança.

Durante a pandemia, a contribuição das operadoras dos planos de saúde foi considerada insuficiente pelos profissionais da área. Menos de 10% dos testes realizados foram feitos com o plano. “Segundo a PNAD, os testes chegaram a 12% da população, mas 25% tem plano de saúde. Por que as empresas não fizeram teste? Eles optaram por fingir que nada estava acontecendo. É uma negligência”, afirmou Lígia Bahia, doutora em Saúde Pública e professora da UFRJ para o portal de notícias El Pais.

Em relação ao empréstimo de leitos para o SUS, de acordo com a ANS, a taxa média de ocupação de leitos (comum e de UTI) no setor privado foi de 64% entre março e outubro. Com relação aos leitos destinados somente para os casos de covid-19, a média de ocupação foi de 54% no mesmo período, chegando a 60% no pico da pandemia. Na época em que os hospitais públicos entravam em colapso, os planos se negaram a vender seus leitos para o sus.

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