PE: Justiça realiza soltura de PMs feminicidas, enquanto prende trabalhador da saúde por um crime que ele não cometeu

PM que matou esposa após festa foi solto. Paralelamente, massas populares são presas mesmo sem julgamento.

PE: Justiça realiza soltura de PMs feminicidas, enquanto prende trabalhador da saúde por um crime que ele não cometeu

PM que matou esposa após festa foi solto. Paralelamente, massas populares são presas mesmo sem julgamento.

Na manhã de sábado (12/04), o sargento da PM, Leonardo Vieira Gomes, alvejou e matou Amanda Carolina Pacheco Pereira, de 34 anos, com quem se relacionava há 4 meses. O crime aconteceu durante a madrugada, quando o assassino se embriagava acompanhado de amigos e da vítima. Após retornarem para a residência da madrinha de Amanda, no bairro de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes (PE), o 3º sargento da Polícia Militar de Recife disparou contra o pescoço da ex-companheira e fugiu do local. A família da vítima declarou que o acusado foi solto antes mesmo do sepultamento de Amanda.

A madrinha de Amanda Carolina relatou que, após se recolher para dormir, ouviu os disparos e encontrou sua afilhada morta no apartamento. A perícia apontou que a cena do crime foi manipulada pelo policial, para aparentar que Amanda teria se suicidado, entretanto, havia inconsistência na maneira em que a vítima segurava a arma e a direção dos disparos. 

Mesmo preso em flagrante, o criminoso foi liberado após audiência de custódia. A juíza Brenda Azevedo Paes Barreto, responsável pela decisão, afirmou que não estavam presentes os requisitos legais para decretar prisão preventiva. Também destacou que o acusado possui residência fixa, é militar da ativa e não apresenta histórico criminal. Como medidas cautelares, foram determinadas apenas simples obrigações, como comparecimento mensal à Justiça e proibição de mudar de residência sem aviso prévio.

Apenas dois dias depois, na segunda-feira (14/04), houve o desdobramento de outro caso semelhante, em que a justiça do velho Estado realizou a soltura do cabo da PM Lindinaldo Severino da Silva, responsável por assassinar a ex-companheira Maria do Carmo Oliveira com vários tiros em uma casa de show no mesmo bairro de Piedade. O crime ocorreu em julho de 2024. A liberdade provisória foi concedida pelo juiz Otávio Ribeiro Pimentel, que alegou já ter sido encerrada a fase de instrução do processo. Lindinaldo recebeu medidas cautelares semelhantes ao caso anterior.

Existe a contradição em que opera a justiça do velho estado, quando se trata dos crimes cometidos pelas suas próprias forças policiais, e a maneira que operam quando se trata de acusar e sentenciar as massas populares. Um exemplo é o do auxiliar de farmácia André Arcanjo, morador de Recife, que passou mais de seis meses preso injustamente, acusado de envolvimento na morte de um vizinho e amigo.

Em 2021, André estava na casa do idoso Edvaldo Oliveira Carvalho, de 71 anos, ajudando nos cuidados da esposa do amigo, que sofre de Alzheimer, quando o local foi invadido por dois homens armados. Ele e outros dois vizinhos foram rendidos. Mesmo assim, o rapaz foi preso como suspeito e só foi inocentado em março de 2023. Em entrevista ao portal Marco Zero, André declarou: “Por que tanta injustiça? Por que eu sou negro e pobre? Só quero que a verdade prevaleça”.

Segundo levantamento do Conselho Nacional de Defensores Públicos Gerais (Condege), 83% das pessoas presas injustamente no Brasil são negras e pobres. Isentos de qualquer punição, os policiais militares se veem autorizados a atuar como juízes e carrascos, como nos casos da tentativa de assassinato do estudante universitário Igor Melo, de 31 anos,  jovem alvejado por um policial militar depois de sair do trabalho por ter sido confundido com um assaltante, e também o assassinato do feirante Pedro Henrique Dantas, de 20 anos, enquanto montava sua barraca na Praça Panamericana na Penha quando foi morto a tiros pelo sargento da Polícia Militar Fernando Ribeiro Baraúna na manhã do dia 6 de abril, ambos relatados por AND.

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