A capa do quadrinho “Castanha do Pará” de Gidalti Oliveira Moura Júnior, ganhador do prêmio Jabuti (mais importante prêmio literário do país) na categoria HQ no ano de 2017, foi censurada em uma exposição de obras do gênero no Parque Shopping Belém, na capital paraense, no dia 16/04. O desenho que retrata um policial perseguindo uma criança pobre e preta na praça Ver-o-Peso, importante ponto turístico local, foi retirada arbitrariamente do evento após ameaças veladas feitas por policiais militares em redes sociais.
A curadoria do evento se justificou afirmando que a retirada da ilustração se deu devido a pressão de policiais militares: “É difícil você não ceder à pressão, eles (policiais militares) queriam uma retratação pública e só se satisfizeram quando optamos pela substituição da arte. Foi uma leitura de ódio por parte desse grupo, e não queríamos trazer qualquer forma de prejuízo para o shopping, por isso a decisão”, declarou aos monopólios de imprensa o curador da exposição, Álvaro Andrade.
O autor, Gidalti Oliveira Moura Júnior, por meio de redes sociais, repudiou a censura: “Sobre a censura à capa de meu livro em exposição em Belém, gostaria de declarar total repúdio aos conceitos arbitrários que classificaram a imagem como uma ofensa à polícia militar. A retirada da obra do evento é um gesto que vai contra valores fundamentais que defendo, dentre estes, a liberdade de expressão”.
É importante destacar que não é coincidência a Polícia Militar (PM) de Belém manifestar tamanha indignação pela publicação de um singelo retrato da violência imposta histórica e diariamente pela mesma ao povo pobre e preto. Esta mesma PM, desde o final de abril, já assassinou mais de 60 moradores de bairros pobres da cidade, em represália à morte de um de seus agentes. Prática rotineira da instituição por todo o país e que se aprofunda como parte dos preparativos das reacionárias Forças Armadas a serviço do imperialismo principalmente ianque, para o seu golpe de Estado contrarrevolucionário, contra os inevitáveis grandes levantamentos das massas que avizinham-se.
Obra censurada pela PM de Belém do Pará, de Gidalti Oliveira Moura Júnior