Pequenos produtores rurais e camponeses estão criticando o decreto do governo de Bolsonaro e dos generais, que torna lei a posse de arma em toda a extensão da propriedade rural desde a segunda quinzena de setembro.
“Eu tô achando que é bem capaz desse presidente alterar a lei e fornecer ao produtor rural as munições. Mas a nossa preocupação é: como é que vai ser para ele [produtor] receber o fornecimento de mudas de café, de cacau, semente de feijão, de milho, porque todos os programas pra ajudar nesse ponto aí foram cortados, tanto do governo federal como estadual e municipais. O produtor não tem mais assistência da Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural de Rondônia (Emater), assistência técnica, financiamento para produtor rural, o Programa de Aquisição de Alimentos, o incentivo à apicultura, piscicultura, não tem nada. E os projetos que existiam em benefício à agricultura familiar foram cortados”, critica um pequeno produtor, em áudio enviado à redação de AND.
A falta de incentivo ao incremento da produção, como a entrega de mudas e sementes, é um dos problemas mais sentidos dos camponeses em Rondônia, devido ao abandono da Secretaria de Estado de Agricultura para com os pequenos produtores.
“Ô doutor, agora o produtor rural vai poder andar armado nos quatro cantos da propriedade dele, mas ele não vai poder andar com uma foice, que é crime, não pode andar com motosserra — se for pego ele está danado –, não pode colocar um trator pra fazer construção, para fazer um bebedouro para o gado, porque é crime!”, disse um camponês, hiperbolicamente, referindo-se à rigorosíssima fiscalização dos órgãos ambientais que cai principalmente em cima dos camponeses pobres com pouca terra. E ele prossegue: “Agora eu não sei como ele [camponês] vai fazer pra se manter. Vai ficar armado, mas trabalhar e produzir ele não está podendo”, critica outro camponês.
O decreto, bandeira de campanha de Bolsonaro, visa armar ainda mais os latifundiários (grandes fazendeiros) e seus grupos armados para aumentar ainda mais a sua guerra contra os camponeses pobres. Com propriedades do tamanho de cidades inteiras, os latifundiários e seus bandos terão praticamente o direito a portar arma.
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