Poema: “A Revolta incessante”, de Draba

Poema: “A Revolta incessante”, de Draba

chocamos agora com o bastão

a última parede

que a máquina moedora de corpos

nos intercede

as mãos enrugadas

endurecidas e calejadas

clamam em todas as direções

na fisgada da coluna machucada

nos olhos marejados

nos filhos entregues ao asfalto enrolados em lençóis brancos

no uniforme escolar disposto no caixão

nos gritos de socorro

nas vielas da delinquência

no fuzil fotografado

no meio do mato, nas pinturas de guerra

nos massacres de baixo da tenda chuvosa

na coronhada

nos escritórios

na rotina aprisionadora

no túnel paulistano

no viver violentado

na musicalidade humilhada

a confusão generalizada

o chacoalhão

será retumbante

estremecerá

cada semblante

da mata adentro

de cada morro

do apartamento

da pradaria

o chacoalhão

mudará tudo

removerá a cortina da fantasia

concentrará a esperança

dará nova vida ao mundo 

Bolchevique (1920), pintura de Boris Mikhailovich Kustodiev. Foto: Banco de Dados AND

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
Agora, mais do que nunca, AND precisa do seu apoio. Assine o nosso Catarse, de acordo com sua possibilidade, e receba em troca recompensas e vantagens exclusivas.

Quero apoiar mensalmente!

Temas relacionados:

Matérias recentes: