Aos camponeses em luta pelo seu sagrado direito à terra.
“Avança, fraqueza do governo!”
Na noite escura se ouvia
Em 1896
Era brado camponês
Da Canudos que surgia
–
É história que se escreve
Com sangue, suor e chumbo
Para conquistar a terra
E destruir o latifúndio
–
Do agreste Belo Monte
Vieram grandes lições
Pajeú e seus guerreiros
Levantaram os Sertões
Derrotaram com denodo
Três grandes expedições
–
Hoje é a bandeira da Liga
Que se espalha pelo campo
Não está aqui, nem ali
Ela está em todo o canto
O povo se anima, se agita
A reação padece de insônia
Desde a margem do Vaza-Barrís
Até os confins de Rondônia
–
Latifúndio secular
Esta é sua sina
Causar distúrbios, fracassar
Até a sua ruína
Se Canudos demonstrou, do valor do camponês
Prova maior vem se dando, nas terras da Santa Elina
–
As forças do velho Estado
Tomadas de desespero
Cercaram e atacaram
O Manoel Ribeiro
Prenderam, ameaçaram
Se puseram em pé de guerra
Contra o povo camponês
Em sua luta pela terra
–
A polícia que trabalhava
(E toda gente sabia)
Como guaxeba de farda
Quis fazer provocação
Em plena luz do dia
–
Mas o povo preparado
Unido e organizado
Respondeu como podia
Mostrando como a fagulha
Incendeia a pradaria
–
Recua Batalhão, aqui não tem ladrão!
Corre-corre seu fracote, ruim de mira, pistola fraca!
O povo se pôs de pé
E a polícia de marcha ré
Se pôs em debandada
–
“Avança fraqueza do governo!”
O fantasma reencarnou
E um novo grito ecoou
Dessa vez em Santa Elina
Vem na mão, ‘seu polícia’
“Vem pra Palestina!”
–
Rompe cerco na madrugada
Rompe cerca que a terra é nossa
Rompe a aurora no horizonte
Rompe ainda ‘que a coisa engrossa’
Latifúndio, disse o poeta:
Preparai vossa mortalha
Pois ao Norte já vem rompendo
A Revolução Agrária
–
Essa história está sendo escrita
Lá no Manoel Ribeiro
E terá muitos capítulos
Não é o último, nem foi primeiro
O povo quer terra, não teme a morte
E vai retornar mais forte
Certeza, triunfará
No combate derradeiro
Foto: Banco de Dados AND