Na avenida quase escura
palavras pisoteadas
pelas patas dos fuzis
gemidos
silêncio
mas no útero negro
do silêncio
surgem larvas
rugem lavras
de fuzis
(outros fuzis)
na mente mansa do povo
como um sonho gradativo
duras sementes de fogo
em larga semeadura
e um dia (noite ainda
fome fúria)
fuzis lhe explodem nas mãos
fuzis
– as frutas maduras
e há luta a luta A LUTA
Este é um poema retirado da publicação “Primeiras Cantigas do Araguaia”, com organização assinada por Libério de Campos. Foi enviado à publicação em 1976, e especula-se que os poemas contidos nesse livreto foram redigidos pelos próprios combatentes da guerrilha do Araguaia, anonimamente. O documento pode ser acessado aqui.
Página retirada da brochura “Primeiras cantigas do Araguaia”. Foto: Reprodução.