Poema: “Rosal” (1975), de Maria Lorena Barros

Poema: “Rosal” (1975), de Maria Lorena Barros


Série Especial Dia Internacional da Mulher Trabalhadora


 

Maria Lorena Barros (1948 – 1976) foi uma ativista revolucionária Filipina, fundadora do Movimento Livre da Nova Mulher (MAKIBAKA, na sigla original) e combatente do Novo Exército do Povo (NEP), dirigido pelo Partido Comunista das Filipinas.

 

Folhas verdes, flores brancas¹

lua branca

Eu penso em cabelos macios e pretos

enquadrando um rosto ossudo, e a dor

como um carvão ardente

queima os dedos de minha mente.

Porque eu vi demais

do sofrimento de nosso povo

para esquecer um dia daquilo que eu devo amar

e odiar

Como poderia eu dizer que ainda te amo?

Tu virastes as costas

a esta nobre tarefa,

esta única coisa que é pura

e linda em nossas vidas,

a guerra épica pela liberdade.

Então, como poderia eu dizer que ainda te amo?

Todavia é verdade

sua lembrança, como a treva

avessa a partir antes da aurora

ainda permanece comigo –

um fantasma, um demônio monstruoso

que precisa ser exorcizado!

Eu acordo nas manhãs

num sonho de dúvida:

Terei eu a força suficiente

para vencer essa luta?

Daqui a um ano esse arbusto roto

proverá novas flores brancas?

O vento do sudoeste sopra

beijos quentes e gentis

no topo das serras.

O mar é docemente calmo.

O pio do calau²

canta como um trompete

invocando o novo dia.

Eu devo comover-me

com toda essa alegria serena!

A história marcha sempre adiante

Nosso povo terá a paz

e a vitória cicatrizará

cada ferida de combate

com a fragrância das

flores brancas

 

Notas:

¹ Provavelmente refere-se à sampaguita, a “flor nacional” das Filipinas.

² O calau é um tipo de ave que habita as florestas das Filipinas.

 

Maria Lorena Barros em foto tirada antes da fascista Lei Marcial de 1972, após a qual foi para a clandestinidade. Foto: Reprodução

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