A Polícia de Santiago, Chile, deu mostras de sua brutalidade na noite de quinta-feira (10/03) ao assassinar dois torcedores do Colo-Colo atropelados horas antes da partida contra o Fortaleza, válida pela Copa Libertadores da América. Em resposta, a torcida organizada Garra Blanca, do Colo-Colo, invadiu o gramado durante a partida e publicou uma imagem dos Carabineros do Chile, polícia ostensiva do país, de cabeça para baixo e prometendo vingar a morte dos companheiros torcedores.
Em comunicado, a torcida do Colo-Colo condenou o atropelamento de dois jovens, um de 13 e outro de 18 anos, por um carro lança-gás da polícia chilena. A Garra Blanca lembrou também que não é um caso isolado. Anos antes, durante os multitudinários protestos chilenos de 2019, um jovem foi atropelado por dois veículos blindados, conhecidos localmente como guanaco, sob a ridícula justificativa de estar apresentando algum tipo de risco ao “caveirão”, chegando a ser tratado posteriormente como um “acidente de trânsito”.
Utilizando um estilo que parece comum nas polícias latino-americanas, os agentes do velho Estado procuraram falsificar a versão oficial e criar uma completamente nova, alheia aos fatos. De acordo com os carabineros, os dois jovens teriam sido supostamente “esmagados” pela própria torcida, um jeito criminoso de colocar a culpa do assassinato na população local.
Revoltados, os torcedores do Colo-Colo cobriram seus rostos e quebraram as barreiras, invadindo o campo e atacando o corpo policial que havia assassinado, horas antes, dois de seus jovens companheiros, paralisando a continuidade da partida. Os embates seguiram pelas ruas de Santiago.
A torcida do Fortaleza também testemunhou o criminoso despreparo das polícias chilenas, apontando que chegaram no local sem qualquer tipo de escolta policial, deixando-os vulneráveis aos inúmeros incidentes possíveis em jogos dessa magnitude. Após a paralisação, os brasileiros seguiram sem nenhum escolta, sendo orientados apenas pela organização do Clube, que os aconselhou a tomar distância dos policiais, uma vez que a revolta chilena era apenas contra o aparato repressivo do velho Estado.
Durante a nota, os torcedores do Colo-Colo prometeram dar uma resposta, apontando que não permitirão que o caso caia em esquecimento e que o assassinato de dois menores por esses “policiais uniformizados.” “Eles desrespeitam totalmente os protocolos, se é que têm algum”, expondo que não se trata de um despreparo policial, mas sim de uma prática sistemática das polícias chilenas contra as massas populares.