As perseguições contra o jornalista e fundador do portal Opera Mundi, Breno Altman, atingiram um novo patamar no final de dezembro, agora com participação direta da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF). A PF lançou um inquérito contra o jornalista a pedido do procurador Maurício Fabreti, do MPF. O pedido e o inquérito seguiram as orientações da organização sionista Confederação Israelita do Brasil (Conib), que há mais de um mês promove denúncias infundadas contra o jornalista.
A Conib baseia suas denúncias em postagens feitas em apoio ao povo palestino e contra o genocídio israelense pelo jornalista na rede social X (antigo twitter). Breno Altman tem, desde o dia 7 de outubro, assumido uma defesa contundente da Resistência Nacional Palestina e desempenhado um papel destacado na denúncia aos crimes da ocupação sionista. Para o jornalista, a Conib é uma “agência de um Estado estrangeiro em nosso território, disfarçada de representação da comunidade judaica”, e que “dedica-se a comanda o lobby sionista e seus intereses criminosos”
Por sua vez, a petição de Fabreti dá cabo aos apelos sionistas da Conib ao afirmar que “essas postagens indicariam a ocorrência de crimes, supostamente, previstos no art. 20 caput, parágrafo 2º, da Lei nº 7.716/89″ (‘praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional’, bem como arts. 286 (incitação ao crime) e 287 (apologia a ato criminoso) do Código Penal”.
No dia 18 de dezembro, a Delegacia de Direitos Humanos e Defesa Institucional da PF, a pedido do delegado Érico Marques Mello, acatou as solicitações do MPF e exigiu os dados cadastrais de Breno Altman ao X. Onze dias depois, o jornalista recebeu um e-mail da rede social, com informações das exigências da delegacia e orientações para que buscasse um advogado.
Perseguição estadual e federal
Antes do inquérito da PF, o jornalista Breno Altman já havia sido processado na esfera estadual de São Paulo, também em ação movida pela sionista Conib. No final de novembro, a 16a Vara Cível de São Paulo havia determinado a suspensão de publicações de Breno sobre a guerra de agressão sionista contra a Palestina. A medida também previa o pagamento de multas de R$ 500 a R$ 180 mil caso as postagens ficassem no ar.
Nessa semana, o desembargador Salles Vieira, da 2a Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, emitiu uma decisão liminar que ordenou as plataformas a retirarem doze postagens do jornalista.
Ameaças
Além das perseguições policiais e judiciais, Altman já foi ameaçado diversas vezes por sionistas brasileiros.
Em grupos de whatsapp, sionistas debateram meios para “calar o jornalista”, que iam desde o espancamento do profissional de imprensa até o assassinato de seus familiares. Em publicação no dia 30/12 em sua rede social X, Altman voltou a afirmar que foi “ameaçado de agressão física por um grupo de sionistas”.
É inegável que, em cenário tão grave, as decisões judiciais e inquéritos policiais favoráveis à perseguição de Breno dão aval para o recrudescimento das ameaças de grupos sionistas contra o jornalista e demais profissionais solidários e comprometidos com a causa palestina.
Moral elevada e solidariedade
As perseguições não abalaram Breno Altman, que declarou em sua rede social X que continuará “a lutar contra os agentes dessa doutrina colonial e racista [o sionismo], em solidariedade ao povo palestino”.
Outras organizações e veículos de imprensa também emitiram notas e matérias em solidariedade ao jornalista.
A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) afirmou que “confundir as posições antissionistas de Altman – cidadão judeu – com crime de antissemitismo é fazer o jogo dos que defendem o genocídio que o governo de Israel comete na Palestina, ao provocar milhares de assassinatos, inclusive de inocentes crianças”. A entidade concluiu ainda que a medida é uma “reclamação descabida” e um “assédio a um jornalista crítico”.
Em novembro, organizações como o Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e a Federação Nacional de Jornalistas já haviam se posicionado de forma solidária ao jornalista e contra as perseguições sionistas.
Nesta tribuna, as perseguições contra Breno Altman foram condenadas por meio de matérias e no programa de análises políticas ao vivo no Youtube, o A Propósito.
Silêncio no governo
O governo não tomou nenhuma postura até agora contra a perseguição de Breno, apesar de configurar-se como um grave caso de cerceamento às liberdades democráticas com envolvimento direto da esfera policial-jurídica federal.
A inoperância foi denunciada pelo próprio jornalista: “Fui ameaçado de agressão física por um grupo de sionistas. A ABI reclamou ao ministro Flávio Dino, que considerou não ser caso para a PF, repassando-o para a polícia paulista. A CONIB me acusa de ‘injúria racial’ por críticas ao sionismo. Agora a PF investiga. Isso é razoável e coerente?”
Cabe questionar, de fato: quando o governo tomará medidas mais duras contra os agentes do sionismo em solo brasileiro?
Em Gaza, já são mais de 20 mil palestinos mortos. Brasileiros foram impedidos por semanas de deixarem a Faixa de Gaza por uma decisão arbitrária e sem explicações do Estado sionista. Mas as relações diplomáticas seguem inabaladas. Os acordos militares e econômicos, apesar de promessas de cancelamento, não foram e nem serão encerrados em sua totalidade.
No Brasil, jornalistas são perseguidos, prefeituras acatam definições de “antissemitismo” forjadas por ongs e organizações sionistas como a Stand With Us Brasil, a Polícia Federal prende inocentes sob acusações esdrúxulas de associação com grupos islâmicos e anti-imperialistas e, ao fim do dia, o silêncio permanece.
Mas os perseguidos não estão sozinhos
Por sorte (ou, melhor, pela atuação constante e elevada de progressistas, democratas e revolucionários), há no Brasil uma forte mobilização popular exibida desde as redações de jornais populares e democráticos até os centros urbanos de grandes e pequenas cidades e os mais profundos rincões do País, todos marcados por ações de solidariedade das massas populares brasileiras à Palestina, seu povo, e aqueles perseguidos por se colocarem em defesa destes.