Na manhã do dia 12 de janeiro, a Polícia Militar do Rio de Janeiro (PM) iniciou mais uma operação na favela da Cidade de Deus, zona oeste do Rio de Janeiro. A operação policial ocorre em meio ao agravamento de uma rotina cada vez mais constante de operações que afetam diretamente a vida de milhares de trabalhadores que residem na favela. Moradores relataram constantes abusos e violações perpetrados pela PM.
A operação em curso ocorreu sob pretexto de “retirar barricadas” e “recuperar veículos clonados e roubados”. No entanto, as barricadas só apareceram justamente no contexto de incursões promovidas pelos próprios policiais, e foi a própria operação que impôs um estado de sítio na comunidade. Moradores relataram ao AND que todo o comércio local ficou totalmente fechado. Uma moradora denunciou que “se a gente precisar de um remédio, ou de ir à padaria, a gente não tem acesso, está tudo fechado”.
Rotina de operações
A situação ocorre no contexto no qual a PM ocupa há 11 dias a favela do Jacarezinho, em uma rotina contínua de operações na qual dois moradores foram baleados por policiais. Também sob pretexto de combate ao “crime organizado”, empreendimento que conta na verdade com a participação ativa de PMs, políticos e grandes empresários fazendeiros na coordenação das operaçõe, na realidade as invasões policiais às favelas servem a colocar os moradores sobre uma rotina permanente de terror e não representam qualquer tipo de melhora para a comunidade.
Exemplo disso é o absurdo horário em que se iniciam as operações. Em depoimento ao AND uma moradora, que preferiu não se identificar, relatou: “o mais complicado é o horário que essas operações vêm acontecendo. Porque é no horário que a gente sai pra trabalhar, nossos filhos indo pra escola, já passei vários tipos de sufocos indo trabalhar ou indo levar minhas filhas para a escola em dias de operações policiais porque os mais atingidos pelas operações policiais somos nós, moradores.”
Em seu relato, a moradora denuncia que tem sido cada vez mais frequente esse tipo de operação, já tendo tido a sua casa invadida por policiais. “Já tive policiais entrando na minha casa enquanto eu trabalhava, revirando a minha casa com as minhas filhas dentro de casa. Elas choraram muito em casa por conta disso, enquanto eu estava no meu local de trabalho e elas aqui”, denuncia.
Histórico de crimes contra o povo
A PM tem um largo histórico de ações desastrosas na Cidade de Deus. No dia 6 de agosto, o jovem Thiago Menezes Flausino, de 13 anos, foi assassinado por PMs à paisana que circulavam nos arredores da comunidade.
Os policiais ainda tentaram forjar uma arma no corpo do adolescente, mas foram vistos por imagens de câmeras de segurança coletadas pela família. Diante de tamanho absurdo, o povo da favela se levantou em grande manifestação e a resposta da PM foi reprimir covardemente os moradores.