Policiais legislativos e militares reprimiram uma manifestação de mais de 7 mil indígenas que estavam na marcha A Resposta Somos Nós, organizada na noite desta quinta-feira (10/04). A repressão começou quando policiais legislativos dispararam bombas de gás lacrimogênio contra manifestantes que se aproximaram do Congresso Nacional. Alguns indígenas chegaram a passar mal e precisaram de atendimento médico.
Os cerca de mil indígenas saíram do Acampamento Terra Livre (ATL), organizado em Brasília, por volta das 17h, e seguiram em direção ao Congresso Nacional. No dia, o gramado do Congresso estava livre e sem barreiras, e por isso os indígenas avançaram até serem surpreendidos pelas bombas.
Há várias evidências de que a violência dos policiais contra os indígenas foi planejada. A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil divulgou um áudio no qual um “provável agente das forças de segurança”, “durante reunião convocada pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal”, orientou aos policiais “deixarem [os indígenas] descer [para o gramado]… deixa descer e mete o cacete”.
Várias entidades dos povos indígenas condenaram a repressão. A Apib repudiou “de forma veemente os atos de violência do Congresso anti-indígena, cometidos pelo Departamento de Polícia Legislativa (DPOL) e pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF)”
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) publicou uma matéria intitulada “povos indígenas recebem, mais uma vez, a resposta da repressão e das bombas de gás lacrimogêneo”. A União dos Povos Indígenas do Brasil (Univaja) pontuou que os atos são “mais uma evidência do modus operandi contra os povos indígenas por parte das forças de segurança do país”.
A manifestação foi feita em meio a uma intensa mobilização de povos indígenas de todo o País contra o “marco temporal” e pelo fim da mesa de conciliação da tese aberta pelo STF em conluio com latifundiários. Segundo os povos originários, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) deveriam abandonar a mesa imediatamente.
Apesar do fato ter ocorrido em Brasília, o governo de Luiz Inácio ainda não se posicionou sobre a violência dos policiais contra os indígenas em luta. Em contrapartida, o mesmo governo que permite a repressão aos indígenas que mau encostaram nos gramados do Congresso Nacional costurou, nos últimos dias, acordos com a extrema direita e o “centrão bolsonarista” sobre a anistia dos galinhas verdes do 8 de janeiro. Dois pesos, duas medidas.