As polícias brasileiras assassinaram 6.393 mil pessoas no País no ano de 2023. A quantidade de mortos supera em 3 vezes a soma da estatística de 15 países membros do G20 juntos. Dentre o grupo, o segundo país que tem a polícia que mais mata são os Estados Unidos (EUA) com 1.164 mil assassinados, um número quase seis vezes abaixo do resultado brasileiro. O México é o terceiro colocado, com 386 pessoas mortas. As informações foram apresentadas ontem (18/12) por uma pesquisa do grupo UOL.
Os números surpreendem porque os outros países abaixo do Brasil não são nenhum exemplo no quesito da violência policial. O Estados Unidos coleciona casos de brutalidade por parte dos celerados reacionários de suas polícias. O México também é um dos países mais violentos da América Latina.
Além disso, o Brasil possui apenas 7% do total de habitantes dos 15 países referenciados, mas a polícia brasileira mata 36 vezes mais do que a média no restante dos países. A cifra é de 7,5 vezes a proporção de assassinados pela polícia na África do Sul, que está em segundo lugar no país que mais mata em proporção à população.
De acordo com a pesquisa, no levantamento do número de homicídios em geral, o Brasil também assume a maior proporção de assassinados pela polícia. São um total de 39.492 homicídios no país durante o ano de 2023. Os policiais do Brasil mataram uma pessoa a cada seis destes homicídios registrados. Dentre o montante, o maior morticínio são de pessoas negras, majoritárias entre as massas mais profundas, que são as mais afetadas pela violência policial. Em 2023, 82,7% dos mortos por policiais no Brasil eram negros, segundo o Anuário de Segurança Pública.
Bahia e Amapá são os estados campeãoes no genocídio
Em números absolutos, a Bahia está em primeiro lugar na lista de mortes por policiais dos estados brasileiros. As polícias civil e militar dirigidas pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT) mataram 1.699 pessoas apenas no ano de 2023.
Em números relacionados, as polícias do estado da Bahia mataram mais que no EUA no mesmo período. Respectivamente, uma comparação de 1.699 mil mortos contra 1.164 mil assassinados.
Em dados proporcionais a população, as polícias do Amapá são as mais letais do país. O estado governado por Clécio Luís (Solidariedade) lidera o ranking com 233,6 mortos por 1 milhão de habitantes. A taxa é 661% superior à média nacional, que foi de 33,1 mortes.
Relatório divulgado em momento de escalada da violência policial
O relatório foi divulgado em um momento de escalada da violência policial no Brasil. Além dos estarrecedores dados nacionais, o estado de São Paulo tem ganhado os holofotes nas últimas semanas pela brutalidade da Polícia Militar no estado. No caso mais recente, divulgado essa semana, uma PM foi filmada desferindo chutes em um homem rendido no chão de uma rua no bairro de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo. O vídeo registrado por moradores do local mostra a policial dando três chutes no homem, já imobilizado, durante a abordagem policial.
No vídeo, um policial aparece com o pé sob as costas do homem, que já estava com as mãos atrás da cabeça. O PM grita: “sai do carro, eu vou matar todo mundo nessa porra”. O motorista não desce do carro e dirige para longe do local. Então o PM deixa o homem rendido no chão e, em seguida, a outra policial chega desferindo chutes na vítima. Após a primeira agressão, apontando a arma para o homem deitado de bruços, a policial ainda grita: “não se mexe, filho da puta”.
Papel federal
Apesar das polícias militares responderem aos governos estaduais, o fenômeno da violência policial no Brasil, generalizado pelo país, já deveria ter explorado a escala estadual. Apesar disso, o governo de falsa esquerda de Luiz Inácio fez pouco para reverter a tendência. O governo chegou a impulsionar o genocídio do povo pobre com investimentos na polícia do Rio de Janeiro e transferência de blindados do Rio para a Bahia.
Mais recentemente, o governo potencializou mais uma vez a violência policial com a “PEC da Segurança Pública”. A proposta, além de transformar a Polícia Federal em uma espécie de Departamento de Ordem Política e Social (Dops) do regime militar, visa criar uma nova polícia de caráter ostensivo, nos moldes da Polícia Militar (PM), a partir da Polícia Rodoviária Federal (PRF).