‘Culpa dos políticos e da Braskem’; Moradores incendeiam barricada contra falta de água em Maceió

Moradores protestaram em ao menos 4 bairros de Maceió.
Barricada incendiada por moradores. Foto: AND

‘Culpa dos políticos e da Braskem’; Moradores incendeiam barricada contra falta de água em Maceió

Moradores protestaram em ao menos 4 bairros de Maceió.

Moradores dos bairros Bom Parto, Cambona, Bebedouro e Cidade Universitária, na cidade de Maceió (AL) realizaram intensos protestos no fim de abril contra a falta de água recorrente nos bairros, bloqueando pistas e queimando pneus. Moradores do bairro Bom Parto e Cambona afirmam que já estão há mais de 15 dias sem abastecimento, porém as contas ainda continuam chegando.

O primeiro protesto aconteceu na noite de quarta-feira (23/04). Moradores do bairro da Cambona e Bom Parto fecharam a pista e incendiaram pneus. “Aqui eu já fiquei 3 meses sem água por culpa da Braskem e dos políticos. O serviço voltou em algumas casas depois de um protesto, mas ainda tem muita gente sem”, afirmou uma moradora revoltada em referência à mineradora envolvida em vários casos de escassez de água.

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O documento apresentado pela CPRM indica que a área de risco é maior do que se pensava, com evidências de afundamento do solo, em áreas no bairro do Flexal de cima, Flexal de baixo, bairro do Bom Parto e Marquês de Abrante, regiões que, até então, estavam fora da área oficial de risco.
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A acusação contra a Braskem e os políticos foi reiterada por outro morador. “Aqui sempre acontece isso, e é tudo culpa dessa empresa criminosa, a Braskem, e desses políticos”.

Na noite do dia 24/04, moradores dos mesmos bairros fecharam a Avenida Governador Afrânio Lages e a rua General Hermes, na Cambona, com barricadas em chamas. No dia seguinte, moradores do bairro bebedouro fecharam a via central do bairro com a mesma tática. Os protestos continuaram no dia 28/04, quando moradores da Cidade Universitária (Complexo Habitacional Vale Bentes 1) também realizaram um protesto pela falta de água constante na região.

Água gordurosa e barrenta

Em entrevista ao correspondente local do AND, moradores relataram que ficam de 15 dias a 1 mês sem água. “Quando a água volta, tem uma textura gordurosa”, relatou uma moradora. “Ficamos praticamente o dia todo desabastecidos e precisamos pegar água em um lixeiro. É horrível viver nessa situação todos os dias”, disse um morador indignado.

Apesar da falta do direito básico, os moradores do Complexo Habitacional continuam a receber contas de luz. “A água volta por um curto período, depois falta novamente, e ninguém faz nada pela gente. Eu cheguei a pagar R$ 400 em uma conta, por uma água que vem barrenta e não vem bem tratada. Estamos comprando água mineral para tomar banho. Nem o governo e nem a prefeitura ligam para a gente”, disse uma moradora revoltada.

O problema da falta de água nesses bairros está ligado à venda do sistema de distribuição. O governo do MDB em Alagoas, através da Casal, vendeu o Sistema Catolé para a Braskem por R$ 108,9 milhões (Empresa responsável pelo afundamento de 8 bairros de Maceió).

Catolé-Cardoso e a Braskem

Inaugurado em 1952, o Catolé-Cardoso foi, durante décadas, o principal sistema de abastecimento de água potável na capital. Atende a mais de 250 mil pessoas, é um dos três sistemas de abastecimento de Maceió e o segundo em captação superficial: 320 litros por segundo. Os outros são o Aviação (197 litros por segundo) e Pratagy (890 litros por segundo). 

O acordo entre a Braskem e a Casal isenta a mineradora de qualquer responsabilidade técnica, ambiental ou social com a população de Alagoas acerca do problema de abastecimento de água. 

Além de captar a água, o Catolé tem estação de tratamento. Está localizado na área de proteção ambiental do Catolé e Fernão Velho, ocupando 2.168,22 hectares e se espalhando por partes de Maceió, Satuba, Santa Luzia do Norte e Coqueiro Seco. O reservatório é abastecido pelas águas do Riacho Catolé. 

A transação, no entanto, foi duramente criticada pelo Sindicato dos Urbanitários de Alagoas, que classificou a venda como lesiva ao interesse público e um risco à continuidade e qualidade de um serviço essencial para a população. “Essa negociação fere o interesse coletivo, representa um grave risco ao patrimônio público e coloca em xeque a continuidade e a qualidade de um serviço vital à população”, declarou a entidade em nota oficial.

Desde 2021, a Casal tem concessões compartilhadas para os serviços de água e esgoto em diversas cidades. A previsão de privatizar de vez a companhia é para até 2027, por meio de leilão, assim como ocorreu com a antiga Companhia Energética de Alagoas (Ceal).

Trabalhadores da Ceal farão uma paralisação em protesto no dia 15/05 em frente à Assembleia Legislativa do Estado, contra a privatização da empresa. A paralisação contará com a presença de sindicatos e movimentos sociais. 

O Sindicato também enviou ofício para a Casal, solicitando os devidos esclarecimentos e, manifestando profunda preocupação, e repúdio, aos termos do acordo firmado entre a Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) e a Braskem S.A., homologado judicialmente, que transfere o sistema Catolé-Cardoso para a referida empresa.

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