Milhares de trabalhadoras saíram às ruas de Katowice, Polônia, para protestar contra uma proposta de lei contra o aborto em 2016. Foto: Andrzej Grygiel/EPA.
Grandes protestos contra uma restrição ainda maior ao direito ao aborto na Polônia irromperam pela quarta noite consecutiva, no dia 25 de outubro, nas cidades grandes e pequenas de todo o país, inclusive em Varsóvia, Gdansk e Poznan. A corte constitucional da Polônia declarara, no dia 22/10, como inconstitucional o aborto de fetos com defeitos congênitos.
Na cidade de Katowice, no dia 25/10, os manifestantes enfrentaram a polícia de choque e cerca de 30 pessoas do “All-Polish Youth”, um grupo de extrema-direita. A polícia utilizou gás lacrimogêneo e reprimiu com agressões as mulheres que participavam do protesto.
Já no dia 23/10, milhares de manifestantes já haviam se reunido próximas à casa de Jaroslaw Kaczynski – liderança do partido católico de extrema-direita do governo de turno do país, chamado “Lei e Justiça” (PiS, na sigla original), sendo que a polícia de choque teve de construir barreiras para impedir o avanço da juventude.
Em outros lugares na Polônia, os manifestantes se reuniram nas grandes praças, fora das sedes do PiS ou perto de igrejas.
A retirada de direitos não impede o aborto de acontecer
De acordo com dados oficiais, a Polônia, um país de 38 milhões de habitantes, registrou oficialmente em 2019 cerca de 1.100 casos de aborto, a esmagadora maioria dos quais foram autorizados devido a uma má formação irreversível do feto. Entretanto, segundo os movimentos de mulheres, o número de abortos realizados clandestinamente na Polônia ou em clínicas estrangeiras poderia chegar a quase 200.000 por ano.