Portugal: Estudantes dirigem ocupação na Universidade do Minho em protesto ao genocídio do povo palestino

Unindo-se às ocupações que ocorreram em Lisboa e Porto, estudantes conduziram uma ocupação da Universidade do Minho em solidariedade à Palestina.

Portugal: Estudantes dirigem ocupação na Universidade do Minho em protesto ao genocídio do povo palestino

Unindo-se às ocupações que ocorreram em Lisboa e Porto, estudantes conduziram uma ocupação da Universidade do Minho em solidariedade à Palestina.

O Coletivo de Estudantes pela Palestina realizou, entre os dias 28 de maio e 24 de junho, uma importante ocupação no Complexo Pedagógico II (CPII) da Universidade do Minho – Campus Gualtar em protesto ao genocídio do povo palestino, buscando pressionar a reitoria da universidade para que corte quaisquer vínculos com o Estado de Israel.

Na segunda metade do mês de maio, inspirados pelas manifestações do dia 15/05 em memória dos 76 anos da Nakba – evento que marca o início da ocupação colonial da Palestina – e pelos vitoriosos acampamentos estudantis em Lisboa e no Porto, um grupo de estudantes da Universidade do Minho convocou uma assembleia popular onde traçaram metas para pressionar a universidade a romper vínculos diretos e indiretos com o Estado de Israel e reconhecer formalmente o genocídio em Gaza.

Por deliberação da assembleia, os estudantes ocuparam o Complexo Pedagógico II e lá permaneceram acampados por quatro semanas, convertendo o prédio em um espaço democrático de debates e educação política.

A experiência de 27 dias de ocupação e mobilização estudantil

Durante os primeiros dias, os estudantes relataram um cenário de indiferença por grande parte do corpo docente e discente e pequenas ações hostis de alguns indivíduos, que os recebiam com gritos de “Viva Israel!”, “Israel tem razão!” e outras frases semelhantes. As hostilidades e a indiferença, segundo os estudantes e docentes mobilizados, são sinais de uma universidade que há anos não passava por nenhuma mobilização social real e se encontrava apartada das massas, rapidamente deram lugar ao interesse genuíno de estudantes e funcionários pelo movimento que ali se desenvolvia.

O Coletivo, deste modo, começou a contar com a participação de professores e alunos cada vez mais engajados com a luta de resistência nacional da Palestina, que dirigiram palestras, debates e mesas redondas abordando a questão. Tratando da contribuição positiva da luta para a comunidade, um dos participantes da ocupação afirmou o seguinte durante a conferência de imprensa no dia 25 de junho:

Nestes dias, foi a primeira vez que me senti realmente parte de uma comunidade, cozinhamos uns para os outros, cuidamos uns dos outros e estivemos unidos pela mesma causa. 

‘Conquistas importantes, mas ainda insuficientes’

Com o fim do período letivo (que em Portugal se estende de setembro a junho), os estudantes optaram, em decisão democrática, por encerrar a ocupação:

Não há sentido em mantê-la durante o período de férias da universidade, iremos focar em outras ações disse um dos estudantes ao Comitê.

Marisa Santos, estudante de Sociologia e porta-voz do Movimento informou em coletiva de imprensa que a luta irá continuar:

Este é apenas o término da primeira fase da nossa luta. Ainda que a Universidade não tenha dado uma resposta positiva às nossas reivindicações, a nossa ocupação teve alguns resultados positivos. O nosso compromisso com a luta pela liberdade do povo palestiniano mantém-se inabalável. Continuaremos a luta pelas nossas reivindicações para que a Universidade do Minho seja contundente no boicote e desinvestimento de organizações israelitas, bem como na eliminação de todos os símbolos do opressor.

Entre as alegadas “conquistas importantes, mas ainda insuficientes”, figuram o apoio público de funcionários e estudantes, como o manifesto “Calar É Consentir” – que acusa a reitoria da Universidade do Minho de ser conivente com o genocídio do povo palestino ao escolher não se pronunciar e manter relações com Israel mesmo frente aos atuais acontecimentos – iniciativa de docentes e investigadores, contando com 81 assinaturas, os votos de solidariedade vindos da Escola de Arquitetura, Arte e Design, do Instituto de Ciências Sociais e da Escola de Medicina.

O Coletivo destaca também “a audiência obtida com o reitor da Universidade do Minho, Rui Vieira de Castro, da qual resultou a divulgação, pela reitoria, de um documento com seis projetos de investigação ativos cofinanciados por entidades israelitas, que os estudantes estão a abordar separadamente, tendo contactado os investigadores responsáveis e tendo outras ações planejadas no seguimento deste contacto”.

Ainda no fim da conferência de imprensa do dia 25 de junho, os estudantes e funcionários comemoraram mais uma conquista importante para o movimento: o arqueólogo israelita Aren Maeir,  conhecido por defender abertamente a “pena de morte para todos que contribuam com a Palestina”, que havia sido convidado para um evento na Universidade do Minho, teve – por pressão popular – seu convite cancelado, assim mostrando um aceno da universidade na direção de romper as relações com Israel.

Para além das paredes da universidade, o Coletivo de Estudantes pela Palestina alega um aumento quantitativo e qualitativo entre as massas locais no que diz respeito ao apoio à causa palestina, também convoca todos que sejam simpáticos à causa a participarem das vigílias contra o genocídio, que ocorrem toda sexta-feira na Arcada de Braga a partir das 22h.

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