Manifestantes enfrentam a polícia em Quito. Foto: Reuters
No dia 3 de outubro se iniciou no Equador uma Grande Greve Nacional, unindo milhares de trabalhadores e estudantes, que, por todo o país, ergueram barricadas e enfrentaram a repressão da polícia em protestos contra os pacotes de medidas impostas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e anunciadas pelo presidente Lenín Moreno.
A Greve Geral conta com a mobilização de taxistas, motoristas de ônibus e de caminhões que empreendem bloqueio em ruas e estradas desde o dia 3, na capital Quito e em Guayaquil, na costa do Pacífico. Lenín Moreno anunciou, no mesmo dia, um “estado de exceção”, na tentativa de reprimir a greve. Grupos indígenas, estudantes e trabalhadores se uniram à ação, fazendo barricadas nas estradas com rochas e pneus queimando.
Trabalhadores do transporte e estudantes fazem barricadas nas estradas do Equador. Foto/ Telesur
Em Quito, no dia 3, jovens mascarados enfrentaram a Tropa de Choque da polícia, que atacou os manifestantes com gás lacrimogêneo e utilizou veículos blindados. Até o momento, agências internacionais informam que pelo menos 370 pessoas foram presas durante os protestos.
Esse é o maior levante popular em décadas no país, que tem cerca de 17 milhões de habitantes. Os manifestantes chegaram até a Casa Presidencial, o Palácio de Carondelet, e derrubaram as grades que os separavam do local.
O ‘pacotaço’ de Moreno e FMI
Em meio a essa grande explosão de massas, a Frente de Defesa de Lutas do Povo (FDLP) se pronunciou, dizendo que: “Hoje, Moreno nos empurra o ‘pacotaço’, cuja origem, além do endividamento desproporcional durante regime de Correa (ex-presidente) e no atual, reflete a crise aguda que atravessa o capitalismo burocrático e que hoje, como sempre, a responsabilidade de tentar reverter o déficit fiscal foi endossada às massas, enquanto a grande burguesia e os grandes latifundiários fortalecem seus processos de enriquecimento, acumulação e nível de vida”. Explicando no que consiste as medidas impostas pelo FMI, a FDLP prossegue:
“Eliminação de subsídios aos combustíveis, com o consequente aumento de preço destes; terceirização do trabalho, redução de salários, desconto arbitrário de jornada de trabalho, precariedade do trabalho, redução do ‘tamanho’ do Estado, ou seja, mais desemprego, e um duro golpe no bolso dos trabalhadores”, aponta
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Sobre os tais “pontos positivos” do “pacotaço”, a FDLP rebate: “O miserável [Lenín Moreno] fala de eliminar tarifas para a maquinaria agroindustrial, porém na maioria do país ainda se produz com junta, com enxada, com pá, materiais feudais; então os beneficiários são basicamente os grandes proprietários agrícolas que podem ser contados nos dedos, enquanto o campesinato pobre será mergulhado em uma maior pauperização em suas condições de vida”.
A FDLP também coloca que está prevista a demissão de mais 10 mil trabalhadores do setor público: “Serão mais pessoas no setor informal ou nas ruas sem trabalho”, sentencia.
Os revolucionários afirmam que, para tentar encobrir a retirada de direitos e demissões, o governo retirou impostos para celulares e tablets, argumentando que se quer um “Equador Digital”.
Concluindo sua análise sobre as medidas econômicas, os revolucionários equatorianos expõem que o entreguismo de Moreno se refletiu no novo crédito com a China, cujo valor é de 1,4 bilhão de dólares por 60 milhões de barris de petróleo equatoriano, e que “é o povo quem terá que pagar, no final, o dobro da dívida com o petróleo”.
Eles recordam também que, para a mineração no país, mais de 160 mil hectares foram concedidas em Imbabura em favor da Hanrine Ecuadorian Exploration and Mining S.A. (monopólio chinês), e diferentes partes das serras do sul estão cedidas a empresas ianques, chinesas e canadenses, além das reservas de petróleo na Amazônia, que foram cedidas a multinacionais.
Confira o vídeo feito pela FDLP sobre a Greve Geral no Equador