Sob o comando e com participação do Exército, uma força tarefa da Polícia Civil com a Força Nacional promoveu uma chacina e assassinou pelo menos sete moradores do Complexo da Maré, em uma operação de tipo terrorista, no dia 21 de junho. Uma das vítimas foi o estudante de 14 anos Marcos Vinicius da Silva, baleado na barriga mesmo vestido com uniforme escolar.
Segundo denúncias de moradores em redes sociais, houve também execuções sumárias. A página Favela da Maré, em rede social, publicou um relato de moradores denunciando, em anonimato, que policiais invadiram uma casa e mataram três jovens. A página publicou uma foto mostrando um banheiro repleto de sangue como a cena do crime.
O caso mais escandaloso, no entanto, é o do menino Marcos Vinicius. Ele foi executado quando estava se dirigindo à escola, atrasado. A versão oficial é de “bala perdida”, mas o próprio garoto afirmou à sua mãe, antes de falecer, que foi alvejado pelo “caveirão” – veículo blindado da Polícia Militar. “Ele disse: ‘mãe, eu sei quem atirou em mim. Foi o blindado, mãe. Ele não me viu com a roupa de escola?”, conta a diarista Bruna Silva, mãe.
Ela prossegue denunciando que os policiais foram advertidos por moradores antes de executarem o estudante: “Uma moça me disse que gritou: ‘não atira, é uma criança, ele está com roupa de escola’. Só que eles não ligaram e atiraram”, lamenta Bruna. Policiais ainda impediram a ambulância de socorrê-lo.
“O Estado alvejou uma criança indo para escola. Eles entram na comunidade para destruir família.”, indigna-se a diarista.
O pai de Marcos Vinicius, o pedreiro José Gerson da Silva, também condenou a operação policial. “Foi um erro da polícia. Como eles não viram o uniforme escolar? Uma mochila abóbora? Eles viram meu filho e mesmo assim atiraram.”.
Rebelião contra chacina
Na noite do mesmo dia, após a notícia do falecimento de Marcus Vinicius, moradores da Vila dos Pinheiros e da Vila do João, revoltados, bloquearam a Avenida Brasil, perto de Bonsucesso, a Linha Vermelha e Linha Amarela, próximo da Vila do João, no Complexo da Maré (as três das principais vias expressas do Rio de Janeiro). Os protestos duraram mais de quatro horas ininterruptas. Um carro da polícia e um ônibus foram incendiados pelas massas.
Na Linha Amarela, manifestantes ergueram barricadas e enfrentaram a polícia. Os policiais da Tropa de Choque atiraram com bombas de gás e até com munição letal contra os moradores revoltados.
Vídeos mostram policiais reprimindo mesmo manifestantes estudantes, ainda durante o dia. Uma jovem quase teve sua perna atingida por um golpe de estaca dado por um policial militar, em meio a um protesto absolutamente pacífico.
Massas incendiaram ônibus na Avenida Brasil, próximo a Bonsucesso, na madrugada do dia 21