O governo do Paraná, encabeçado pelo reacionário Ratinho Júnior/PSD, solicitou o despejo de mais de 200 famílias acampadas há 20 anos na cidade de Cascavel, oeste do estado, a expulsão estava programada para o dia 15 de dezembro. Ao todo vivem nos acampamentos cerca de 800 camponeses, entre estes 250 são crianças e 80 idosos. As áreas ameaçadas de despejo são Resistência Camponesa, Dorcelina Folador e 1º de Agosto.
No dia 28 de dezembro, os camponeses iniciaram um protesto próximo a rodovia BR 277 no km 557. A ação visa a suspensão imediata da decisão.
Nove despejos foram autorizados pelo velho Estado entre maio a dezembro de 2019. Aproximadamente 500 famílias tiveram suas casas e produções destruídas de modo completamente truculento, afirmam os camponeses. Cerca de 7 mil famílias vivem em acampamentos e 80 famílias em ocupações no estado do Paraná.
Conluio com o latifúndio
Os acampamentos estão localizados no complexo Cajati, antigo latifúndio comprado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em 2009, da empresa Imapar-Cajati Reflorestamentos e Agricultura Ltda. pertencente a família Festugatto. Ao todo a empresa ocupava aproximadamente 60 mil hectares de terra na região. O Incra disponibilizaria uma área de cerca de 890 hectares de terra, que seria destinado somente à 106 famílias, menos da metade do número de famílias que reivindicavam a área. No processo de aquisição o proprietário recebeu cerca de R$ 10 milhões. Porém, atualmente o mesmo velho Estado é quem protagoniza a ordem de despejo aos camponeses.
Governador latifundiário
O governador do estado do Paraná, Ratinho Júnior, é um latifundiário proprietário de Agropastoril Café no Bule e de centenas de hectares no Paraná e São Paulo. Ele, durante sua gerência, vem impulsionando o latifúndio na roupagem de agronegócio como afirmou em diversas ocasiões: “O agronegócio paranaense é um setor prioritário para o nosso governo”. Além disso, também alegou que o agronegócio paranaense tem dobrado de tamanho a cada dez anos.’
“Nossa vocação é ser o celeiro do mundo, e nós vamos assumir essa bandeira, nós somos a fazenda do planeta, essa é a nossa vocação e é isso que nós vamos assumir”, disse ele, em reunião no dia 6 de dezembro de 2018, num encontro com latifundiários em Curitiba.
Em Cascavel, camponeses denunciam ordem de despejo a mando do velho Estado. Foto: Banco de dados AND