Discussões da Assembleia trouxeram relatos de falta de atendimento de saúde e descaso com a educação pública. Foto: Banco de Dados AND
No dia 04 de dezembro, moradores organizados pelo Comitê Sanitário de Defesa Popular de Pinhais (CSDP), no Paraná, realizaram sua 1ª Assembleia, aberta a todos os moradores da região e apoiadores da luta popular. O evento ocorreu em um Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) de um bairro pobre da região e contou com participação da comunidade escolar, como a diretora, educadoras e membros da Associação de Pais, Mestres e Funcionários (APMF).
O amplo espaço realizado para a atividade permitiu a aplicação das medidas sanitárias necessárias, além de contar também com uma creche popular, organizada para o cuidado das crianças durante o evento, assegurou a participação das mães.
Na primeira parte da assembleia, foi apresentado um balanço sobre o conjunto de atividades realizadas desde a criação do Comitê Sanitário, em maio de 2020, como a produção e distribuição de máscaras e sabão, realização de mutirões sanitários, atendimento pediátrico, preparo de refeições coletivas através do projeto Panela Comunitária, a criação de uma escolinha do Comitê para atender as crianças em fase de alfabetização durante o fechamento das escolas, atendimento pediátrico, além de celebrações de dia das crianças e atividades culturais diversas.
Frente à exposição de um vídeo com fotos e demonstrações dos feitos de um ano e meio de muito trabalho, moradores que participam ativamente desde sua fundação se emocionaram e outros puderam tomar conhecimento do conjunto de atividades e da linha política da organização popular.
“Fiquei emocionada vendo as fotos desde o início, lembrei da época que tudo começou, que não havia nem espaço para cortarmos as máscaras, os tecidos foram arrecadados por costureiras do bairro, o óleo coletamos para fazer e distribuir sabão. Vemos que estamos fazendo história. Basta ir ao Comitê para conversar que dali já sai algo de bom”, avaliou uma moradora.
Vitoriosa assembleia foi aberta a todos os moradores da região e apoiadores da luta popular. Foto: Banco de Dados AND
Na segunda parte do evento, os mais de 20 participantes puderam fazer uso da palavra e debateram sobre o trabalho do CSDP, a situação política e a vida do povo, os problemas do bairro e apresentaram propostas de ação. O debate sobre a dura situação de vida, com o desemprego crescente, a alta nos preços dos alimentos e a falta de funcionamento dos serviços públicos expressou toda a revolta do povo por não ter assegurado seus direitos mais básicos. Os problemas relacionados à saúde e educação públicas foram os temas mais trazidos. Eles escancararam a política de sucateamento de todos os serviços públicos, não somente na região, mas por todo o país como uma política do velho Estado para incrementar a exploração sobre o povo em troca do enriquecimento de banqueiros, grandes burgueses e latifundiários.
Não houve um morador que deixou de denunciar o péssimo atendimento no posto de saúde da região, a falta de médicos especialistas, equipamentos e exames, além do extenuante tempo de espera na fila do posto para conseguir uma previsão de consulta. Dentre os diversos relatos, uma moradora contou que a ultrassonografia de uma amiga foi marcada dois meses depois da criança ter nascido.
Todos os participantes puderam fazer uso da palavra e debateram sobre o trabalho do CSDP, a situação política e a vida do povo, os problemas do bairro e apresentaram propostas de ação. Foto: Banco de Dados AND
Os moradores intervieram ativamente nos debates e a assembleia configurou-se como um verdadeiro espaço democrático do povo. Todos fizeram denúncias e tiraram propostas de ações, que vão desde a necessidade de exigir ou construir lombadas a um conjunto de mobilizações para exigir atendimento no posto de saúde da região, além de melhorias para os projetos que o CSDP já desenvolve.
“Através do Comitê Sanitário fazemos muita coisa que deveria ser responsabilidade do governo garantir, por isso precisamos ir além e incomodar cada vez mais, fazer abaixo assinado, levar cartazes e manifestar na frente do posto e da Secretaria de saúde. Eles só fazem coisa por eles, aumentam seus salários e regalias, mas e o povo? Olha quanto imposto a gente paga para eles fazerem isso com a gente!”, interviu uma moradora.
Na última sessão da assembleia, todas as propostas foram lidas e votadas. Todos saudaram efusivamente o Comitê Sanitário, reafirmando que o único caminho é o da organização popular em torno das necessidades mais imediatas do povo através da luta independente, classista e combativa.
Para que ninguém, especialmente as mães, deixasse de participar, o CSDP organizou uma creche popular durante a Assembleia para o cuidado das crianças. Foto: Banco de Dados AND