Nota da redação: Reproduzimos a nota do movimento Fagulha denunciando o trabalho policialesco do oportunismo durante as manifestações da Greve Geral do dia 14 de Junho em Foz do Iguaçu, no Paraná.
Derrotar as reformas antipovo, o peleguismo e a conciliação de classes com a Greve Geral de resistência nacional
“Pequeno grupo compacto, seguimos por uma estrada escarpada e difícil, segurando-nos fortemente pela mão. De todos os lados, estamos cercados de inimigos, e é preciso marchar quase constantemente debaixo de fogo. Estamos unidos por uma decisão livremente tomada, precisamente a fim de combater o inimigo e não cair no pântano ao lado, cujos habitantes desde o início nos culpam determos formado um grupo à parte, e preferido o caminho da luta ao caminho da conciliação. Alguns dos nossos gritam: Vamos para o pântano! E quando lhes mostramos a vergonha de tal ato, replicam: Como vocês são atrasados! Não se envergonham de nos negar a liberdade de convidá-los a seguir um caminho melhor! Sim, senhores, são livres não somente para convidar, mas de ir para onde bem lhes aprouver, até para o pântano; achamos, inclusive, que seu lugar verdadeiro é precisamente no pântano, e, na medida de nossas forças, estamos prontos a ajudá-los a transportar para lá os seus lares. Porém, nesse caso, larguem-nos a mão, não nos agarrem e não manchem a grande palavra liberdade, porque também nós somos “livres” para ir aonde nos aprouver, livres para combater não só o pântano, como também aqueles que para lá se dirigem!” (Lenin – Que fazer?)
Saudamos a todos lutadores do povo, à todos movimentos combativos, classistas e populares pelo grandioso dia 14 de junho, greve geral de resistência nacional que vem se construindo com muita luta!
Um outro junho marca a história de nosso país, a exemplo do que aconteceu em 2013, nosso povo se coloca no fronte e por todo o Brasil ações combativas são realizadas. Em diversas partes do país o dia amanheceu com barricadas, em pelo menos 16 estados aconteceram paralisação dos transportes, em mais de 350 cidades ocorreram atos de rua. Estudantes, professores e trabalhadores da educação se somaram as mais diversas categorias de trabalhadores pedindo o fim dos cortes na educação, contra o desmonte da previdência, pela revogação da “reforma trabalhista”. Rechaçaram não somente o gerente de Estado, Jair, mas também Mourão, a intervenção militar e todo congresso corrupto, mostrando que em meio a tanto saqueio e exploração, a revolta popular é mais que justa.
Nós, do movimento Fagulha, uma organização independente, classista, democrática e combativa que tem por objetivo lutar por uma universidade gratuita, autônoma, democrática e a serviço do povo, assim como se unir ao povo nas suas lutas e reivindicações locais e nacionais, vemos com indignação, mas não surpresos, a velha atuação dos pelegos e oportunistas que fazem o papel de polícia política e braço do Estado, defendendo e justificando a repressão e violência policial e marginalizando a juventude que ousa lutar de forma consequente.
A juventude em Foz do Iguaçu em consonância com os jovens de todo país, dispostos a darem cabo a uma grandiosa greve geral, de forma independente e combativa tomaram as ruas e propagandearam a união classista e consequente com os trabalhadores. Na nossa cidade foram mais de 10 mil pessoas para as ruas numa manhã de sexta-feira. Iniciando esse dia com espírito de luta, realizando diversas ações, determinados a propagandear a necessidade de parar a produção de todo país, assim como fizeram os caminhoneiros em sua grandiosa greve, para mostrar que somos nós os produtores de tudo e que não aceitaremos em troca miséria e exploração.
Como resposta a revolta popular, o que se viu nas ruas foi uma repressão truculenta, policiais fortemente armados que atacaram os manifestantes sem motivo, os perseguiram por diversas quadras, disparam balas de borrachas a esmo e bombas de gás mesmo com crianças presentes, fizeram prisões injustificáveis, medida que se repetiu em todo território nacional. Como resultado dessa ação, em âmbito local, tivemos um professor preso durante a dispersão, uma professora ferida na nuca com bala de borracha, um trabalhador que também foi ferido na perna e estudantes atingidos com estilhaços e balas. A juventude resistiu bravamente, usando seus mais variados meios de luta para garantir que as justas reivindicações do povo sejam impostas e para barrar a agenda reacionária perpetuada por esse governo. Os participantes da mobilização foram surpreendidos com o ataque de forças policiais em grande número e com forte armamento, quando a rua era liberada espontaneamente, com o fim do breve protesto, faziam simulação de fuzilamento mirando na cabeça dos manifestantes. Em nenhum momento os policiais ofereceram ou possibilitaram qualquer mediação pacífica ou diálogo.
A linha que prevaleceu em todos os lugares foi a de dura resistência por parte das classes populares. Ocorreram muitas prisões arbitrárias, violência contra os manifestantes junto com a criminalização propagada pelo monopólio de imprensa, o que comprova a grandiosidade da luta, como esta impõe medo em nossos inimigos e a necessidade que esse velho Estado e seus aliados tem de combatê-la. Aqui, a RPC (Globo), parte da grande mídia reacionária, que só deu as caras no momento da repressão, exibiu ao vivo toda a medida descabida, provando através das filmagens que foi injustificável tamanha violência, apesar de repercutirem o protesto de maneira policialesca e criminalizadora.
Como sempre, o oportunismo mostrou sua face agindo em aliança com o monopólio de imprensa e toda a força policial que sob sua ótica burguesa, criminaliza a luta e os movimentos populares. Com suas práticas de polícia política, colocaram em risco a integridade de companheiros, delatando, através de exposições públicas quem eles consideram ativistas de nosso movimento. Nos apontam como únicos responsáveis pelo fechamento das vias e pasmem, causadores da repressão policial, chegando ao ponto de fazerem ameaças de morte. Destes, encabeçados principalmente alguns por militantes da UJS e LEVANTE (UNE) e juventudes eleitoreiras auxiliares, não esperamos nada senão seu imobilismo, falta de confiança nas massas, sua velha prática eleitoreira bolorenta, se comportando sempre como agente desse podre Estado, criminalizando toda a juventude combatente.
Os dois caminhos do movimento estudantil se mostram claramente diante destes ataques: um é o caminho imobilista, oportunista e eleitoreiro, pacifista, polícia política e conciliador de classes que nunca ataca tão raivosamente os opressores e exploradores quanto atacam os que ousam lutar; O outro caminho segue algo que para eles é inexplicável, a luta independente, que não se intimida com os desafios, mas que se organiza e se prepara para estes, que corresponde aos interesses do povo, que não corrobora com esse disputismo de cargo dentro da universidade e deste velho Estado. Estudantes que antes de tudo lutam pela sua própria sobrevivência, filhos do povo com consciência do seu papel na luta de classes e que não precisam de autorização de quem quer que seja para lutar.
Os oportunistas e imobilistas querem tutelar à todo custo a luta popular e chegam ao ponto de achar que uma assembleia tem que definir todo e qualquer tipo de ação que pode acontecer em um dia de greve geral. Em contrapartida, não questionam outras iniciativas independentes, porém oportunistas e eleitoreiras, como o bandeira “lulalivre”, ação que gerou muito mais contradição entre a população e também entre os manifestantes e ainda armou de argumentos os reacionários.
Devemos nos atentar que essa medida não foi por acaso, não está presente apenas no movimento estudantil, nem teve início no último ato. As grandes centrais sindicais, através de dirigentes pelegos, tentaram sabotar a greve geral que vem sendo construída, lançando o primeiro chamado para mais de 1 mês e meio depois da proposta (surgida no 1º de maio com data para o dia 14 de junho). Porém a luta cresceu e em meios aos ataques ao povo de diversas formas, os atos de rua a nível nacional se elevaram, algo que apesar de propagandearem realmente não querem, pois foge ao controle destes que no fundo só visam reformar o velho e podre Estado brasileiro.
Aqui em Foz do Iguaçu, existe a Unidade Sindical e Popular, grupo que reúne democratas, ex-combatentes de 64, ativistas classistas, sindicatos e movimentos sociais que tem por objetivo organizar a luta conjunta. Esta, assim como no movimento estudantil, também tem dois caminhos a seguir, o de luta ou o de imobilismo e assim como em nosso meio, os pelegos também se infiltram lá, atuando sempre como bombeiros da luta de classes.
A luta que travamos diante da organização geral da greve, foi para que no dia 15/05, ato unificado onde estiveram presentes cerca de 7 mil pessoas, a manifestação saísse pelas ruas e não ficasse apenas parada no bosque como alguns deles preferiam por “questão de segurança”. Já viamos aí a falta de confiança nas massas que desde o dia 29 de abril e 01 de maio tinham a disposição de fazer uma passeata e esta não se concretizou.
Outra luta foi travada no ato do dia 30/05, quando recuaram na organização conjunta, colocando para nós, estudantes, que seria feito o apoio, porém que estavam guardando recursos para o dia 14/06. Algo que os estudantes da UNILA, IF e Unioeste em organização conjunta colocaram como prejudicial, pois nesse dia, apesar de vitorioso, fomos a única categoria a paralisar. Em reunião para tratar sobre isso, quando uma parte dos estudantes queriam expor a situação e cobrar de maneira mais aberta essa adesão, justamente alguns militantes da UNE expressaram todo o peleguismo advogando pelo lado de quem estava recuando na luta.
Em meio ao dia 14/06, o que vimos não foi diferente por parte dos oportunistas que atuam em meio a quem luta. O recuo na luta contra a reforma da previdência que não era pautada com vigor, as ações combativas que se encerravam no horário de almoço e estes mesmo tendo a possibilidade de parar o transporte público, como declarou Vitorassi, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Foz, não o fizeram.
A pelegagem que existe no meio estudantil e sindical se uniu com a finalidade de criminalizar ações não dirigidas por eles. Ainda que estas ações fossem coerentes com o esperado em um dia de greve geral, o que se vê claro uma vez que os próprios passageiros desceram dos ônibus cumprimentando os manifestantes, mostrando assim apoio à atuação dos manifestantes. Os dois caminhos se expressam em várias instâncias, por isso devemos ter claro que não há unidade com esses bombeiros da luta de classe. Tanto o movimento estudantil quanto o movimento sindical verdadeiramente democráticos e classistas devem romper com esses inimigos que insistem em tentar se passar por lutadores.
Um dos principais representantes da linha pelega, que estava na ânsia de criminalizar os que lutam foi Vitorassi, que já é um velho conhecido, como dizem os próprios trabalhadores, como vendido aos empresários, traidor dos interesses dos trabalhadores. Trabalhadores estes que no mês de maio fizeram uma paralização e denunciaram suas práticas, quando na ocasião os demitidos lutavam pelo pagamento de seus direitos, não de maneira parcelada, como propôs a empresa e foram abandonados por Vitorassi.
Cartaz confeccionado por trabalhadores do transporte coletivo de Foz do Iguaçu e exposto em virtude da paralisação realizada no dia 05/06.
No dia 14, enquanto queria convencer a Unidade Sindical à fazer uma nota criminalizando os manifestantes, Vitorazzi chegou ao absurdo de propor uma nota de agradecimento a polícia pela detenção do professor. E inclusive falou que ia depor contra ele se a polícia o chamasse. Além de dizer que a polícia se comportou muito e elogiar a ação. Em mensagem de grupo do whatsapp que nos foi passada, Vitorassi revela que:
[sic] “Gente eu quero que se posivel pesa desculpas pelo ocorrido a policia e dizer que foi um ato isolado caso precise ir ao comando da pm”
[sic] “Pedido de desculpas é a melhor maneira de resolver mais para isso precisamos ser grande”
Ali também fez sua grave confissão de que entregou jovens no dia 28/04/17 à polícia. Em áudio diz:
[sic] “dado o tumulto não deu para eles pegarem (a polícia), lá no bosque guarani me chamaram para um acerto de contas (a polícia), ou eu colocasse eles (os jovens) no carro e apresentava eles na polícia ou ia largar bomba e bala de borracha até entregar os 2 jovens. O que que eu fiz? Coloquei eles no carro e levei na delegacia, registrei o b.o.[…]”
[sic]”A polícia militar se comportou muito bem conosco, a guarda municipal, idem, o Foztrans idem, deu todas as condições para nós fazer um belo movimento, a polícia militar não pode ser responsabilizada por ato isolado de militante […] Qualquer nota que vier contra a polícia, a guarda municipal e a Foztrans eu me recuso a assinar!”
Outros sindicalistas dirigentes do PcdoB se colocaram também neste grupo dizendo:
Homem Dirigente sindical 1
[sic] “Não é que ngm pediu, a polícia militar pediu, nós antes da polícia pedimos, a guarda municipal pediu [..] A polícia só jogou bomba depois que se negaram a sair, ai não tem jeito, polícia é polícia. […] A ação deles que é reprovável, não o fato da polícia jogar bombar que é consequencia da cretinisse deles […]”
Mulher Dirigente sindical 2
[sic] “Temos que fazer uma reunião de avaliação e avaliar, o que vamos fazer com esse grupo nas próximas mobilizações”
Como não houve concordância com esta postura dentro da unidade sindical, onde prevalece um posicionamente democrático e classista, nenhuma nota de criminalização foi lançada o que levou estes a deixarem o grupo.
Junto a estes, alguns militantes que compõem a famigerada e apodrecida UNE, além de criminalizar os estudantes em redes sociais, fizeram postagens mentirosas sobre como se deram as ações, prometeram não deixar barato o que ocorreu, defendendo a polícia porque está só agiu como consequencia das ações ocorridas no dia de greve geral. Como a ação de passar pano para polícia dos pelegos não foi bem vista pelos estudantes em geral, fizeram de tudo para adiar a assembleia de hoje (18/06) através do comando de greve e assim desmobilizar o debate.
O caminho eleitoreiro e oportunista destes que levantam a bandeira vermelha para combater a bandeira vermelha e querem levar todos ao seu lamaçal, já foi derrotado em 2013, quando eram governistas e viram o povo se levantar independentemente da gerência desse velho estado e dar cabo na luta contra o aumento das tarifas em diversas capitais. Esse desespero é sinal de que o trauma trazido pelas gradiosas jornadas de junho das quais foram escurraçados, ainda não passou. Reafirmamos que não nos amedronta essas ameaças ou essa “resposta” que prometem em consonância ao Estado para evitar a radizalização da luta.
Nada disso nunca foi suficiente para abalar o ânimo de luta de nosso povo. Toda nossa solidariedade aos que foram atingidos, física e psicologicamente, pela repressão em seu justo direito de lutar e se defender dos ataques das hordas fascistas. Conclamamos a juventude combativa a se organizarem de maneira independente e classista! Sigamos o exemplo da grandiosa resistência palestina, bandeira que nosso movimento se orgulha em propagandear! Seguimos com a certeza de que a cada passo, nosso povo alcança novos patamares em sua luta e mais dia, menos dia, como nos mostra a história, certamente triunfará!
IR AO COMBATE SEM TEMER, OUSAR LUTAR, OUSAR VENCER!
CRESCE, CRESCE, POR TODO BRASIL O NOVO MOVIMENTO COMBATIVO ESTUDANTIL!
ABAIXO A REPRESSÃO POLICIAL E SEUS AGENTES DO OPORTUNISMO!
ABAIXO O OPORTUNISMO ELEITOREIRO E CARREIRISTA!
NEM BOLSONARO, NEM MOURÃO, NEM CONGRESSO CORRUPTO! FORA INTERVENÇÃO MILITAR!
VIVA A GREVE GERAL DE RESISTÊNCIA NACIONAL!