Estudantes do curso de Medicina da Universidade Federal do Paraná (UFPR) organizaram, no dia 10 de março, o evento Cuidando de todos: sobre o sucateamento e a perspectiva de defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) com o objetivo de fomentar, dentro da universidade, o debate sobre a questão da saúde pública no Brasil.
O encontro reuniu mais de 50 pessoas, em sua maioria alunos do curso de medicina e de outros cursos da área da saúde, e participaram da mesa de exposição uma aluna do curso, a professora doutora Maria de Fátima Siliansky de Andreazzi (UFRJ) e o professor doutor Davidson Viana (UFPR).
Uma estudante fez um breve apanhado histórico sobre o processo de criação do SUS, esclareceu suas bases e forma de funcionamento, e discorreu sobre as leis que regem o sistema e seus efeitos nos dias de hoje. Em seguida, o Prof. Dr. Davidson Viana, que já foi gestor dentro do SUS, contou sobre sua experiência, demarcando que a precarização da saúde pública é parte de uma intensificação de grandes violações de direitos que, apesar de nunca terem sido garantidos pelo Estado, eram de alguma forma mantidos.
Segundo ele, o SUS carrega a característica de ser, em essência, um braço do suposto “estado de bem-estar social”, utilizado para propaganda eleitoral e sempre subfinanciado, dependendo de esforços municipais para desenvolver projetos e alternativas que melhor atendam a população de cada local. Reforçou que o sistema só alcançou a capacidade atual de atendimento devido a reivindicação e pressão popular.
A Profª Drª. Maria de Fátima Andreazzi colocou o problema central da constante falta de investimento, desmonte descarado, baixo reconhecimento de profissionais e sucateamento de um dos serviços públicos de maior importância para o país. Demonstrou a importância da organização do povo para a conquista direitos e de não nutrir ilusões com o velho Estado brasileiro, pois quem governa o faz em prol de seus interesses de classe.
Os estudantes presentes manifestaram grande concordância de que a questão do SUS vai além do jargão “temos que defendê-lo”, entrando em questões políticas mais amplas. Muitos relataram que já vivenciam os resultados dos cada vez menores investimentos na saúde em suas residências e plantões e manifestaram suas angústias enquanto profissionais em formação que não conseguem mais aceitar a passividade diante desse problema, buscando por posições mais combativas e classistas com o objetivo de construir uma saúde a serviço do povo.