Na última segunda-feira, dia 3 de junho, estudantes e professores da cidade de Maringá, somando-se aos *mais de 20 mil estudantes e trabalhadores da educação que ocuparam a Alep (Assembleia Legislativa Estadual do Paraná), saíram em manifestação e protesto, exigindo a derrubada imediata do **Projeto de Lei “Parceiro da Escola”, que visa privatizar mais de 200 escolas públicas estaduais do Paraná, conforme já noticiado pelo AND.
A manifestação se deu em dois atos distintos ao longo do dia, sendo um na parte da manhã, saindo desde colégios da cidade até o prédio da Prefeitura, onde estudantes universitários se somaram aos professores grevistas em manifestação conjunta, e o outro durante a noite, organizado pelos estudantes da Universidade Estadual de Maringá, em conjunto com estudantes secundaristas de diversos colégios.
Os estudantes, universitários e secundaristas, que desde o anúncio do projeto já se organizavam, por meio de notas públicas, panfletagens e manifestações, em rechaço ao projeto, se mobilizaram dia e noite durante toda a segunda-feira, sem medir esforços para protestar contra o avanço privatista do atual governo de turno do estado.
Linha do tempo
Imediatamente após a apresentação do PL, ainda nas últimas semanas do mês de maio, o sindicato dos trabalhadores da educação do Paraná (APP Sindicato) decidiu, em assembleia com milhares de docentes da categoria, por deflagrar greve. Do mesmo modo, os estudantes secundaristas e universitários do estado, e da região de Maringá, começaram também a se organizar.
Ainda na última semana de maio, estudantes secundaristas de inúmeros colégios da cidade e região, tais como Branca da Mota Fernandes, João de Faria Pioli, Tancredo Neves e João de Barro, organizaram manifestações de rua em denúncia do criminoso projeto e em defesa da Educação pública.
Da mesma maneira, no dia 27 de maio, o Diretório Central dos Estudantes da Universidade Estadual de Maringá (DCE-UEM), deliberou, em conjunto com diversos Centros Acadêmicos (CAs) da Universidade, um calendário de atividades, incluindo uma paralisação estudantil e manifestações de rua para a segunda-feira (03/06), dia em que o PL foi para votação.
Manifestação da manhã
Às oito da manhã, estudantes secundaristas de alguns colégios da cidade, junto a alguns estudantes da UEM, saíram marchando em manifestação, desde o colégio estadual Branca da Mota até a universidade, onde se somaram a outro grupo, composto por estudantes da UEM, que ali estavam reunidos desde cedo numa aula pública a respeito do movimento grevista, logo após a qual, também saíam em protesto.
Dali, um conjunto de centenas de estudantes seguiu em bloco pelas ruas, adentrando o Terminal Urbano da cidade, onde os manifestantes denunciaram à população local os crimes do governo, assim como o nefasto Projeto de Lei. Logo após, o grupo se dirigiu à Praça Raposo Tavares, onde se juntou à uma multidão de mais de mil professores e estudantes que estavam ali concentrados.
Em seguida, toda a multidão saiu em manifestação pela cidade, tomando as ruas e ecoando palavras de ordem, em direção ao prédio da Prefeitura do município. Os estudantes combativos, que conduziam a frente do bloco, ao chegar ao destino, sem hesitação, adentraram e ocuparam o prédio da Prefeitura e, gritando palavras de ordem, denunciaram altivamente o governo de turno e o criminoso projeto de lei.
Manifestação da noite
Na mesma segunda-feira, depois de um dia todo de atividades, os estudantes da UEM, junto a diversos secundaristas, saíram mais uma vez em protesto pela cidade. Os estudantes começaram a confecção de cartazes ao lado do Restaurante Universitário da UEM, a partir das 17:30h, e iniciaram a concentração, no mesmo local, às 19:00h.
Apesar da fatídica notícia que chegara durante o dia, de que o projeto, após interrupção da votação por conta da ocupação da Alep, foi covardemente aprovado mediante votação eletrônica, isso não impediu os estudantes de saírem às ruas, com ainda mais júbilo e coragem.
Às 19:30h, um grupo de mais de 400 estudantes saem em manifestação, desde a Universidade até o Terminal Urbano de Maringá. Tomando as ruas da cidade, a plenos pulmões, os estudantes entoaram palavras de ordem em denúncia do projeto de lei e do governo reacionário de Ratinho Jr. e defenderam a educação pública, gratuita e de qualidade, e o caminho da greve de ocupação.
Os estudantes, ao chegarem ao Terminal Urbano, despejando todo o seu justo ódio e sua fúria, queimaram e pisotearam um boneco do governador Ratinho Jr., cuja face, a fazer jus ao nome e ao espírito do destinatário, era a de um rato. Dali, ainda em manifestação, seguiram de volta à Universidade, onde terminaria o ato, sem deixar de gritarem por um único minuto.
Estas manifestações se somam aos diversos atos de manifestação e protesto que estão a ocorrer por todo o estado do Paraná, assim como outros do país, onde os estudantes brasileiros, tal como sempre foi o seu perfil, tomam cada vez mais a dianteira desta luta, e vislumbram e defendem, com a firmeza e a convicção das quais só os verdadeiros democratas e revolucionários são capazes, o caminho das greves de ocupação de escolas e universidades, tornando-as verdadeiras trincheiras de combate das massas democráticas do país, como o único caminho possível, capaz de barrar os ataques privatistas do velho Estado.
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Enquanto esta matéria era redigida, o Comitê local tomou conhecimento de que o Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Paraná (APP Sindicato) deliberou, durante assembleia realizada no dia 05 de junho, pelo encerramento da greve. O encerramento ocorre imediatamente após a Procuradoria do estado do Paraná entrar com uma ação judicial inconstitucional e criminosa, pedindo multas diárias em valores exorbitantes ao sindicato e a prisão da presidente da APP, Walkiria Olegário Mazeto.
Os abutres justificam o pedido alegando a ilegalidade da greve, isto porque, antes mesmo do movimento grevista começar, a Justiça paranaense, serviçal direta dos reacionários que comandam este feudo que alguns ainda tomam por ente federativo, de um suposto Estado democrático de direito, ordenou a suspensão da greve – ainda que o direito de greve, teoricamente, seja direito fundamental e constitucionalmente garantido.
O Sr, Ratinho Jr. muito se engana se pensa que estes ataques covardes serão suficientes para barrar a combatividade dos estudantes paranaenses. Assim como em todo o Brasil, os ataques facínoras deste velho Estado reacionário contra a educação, cada vez mais escancarados e desavergonhados, só demonstram sua decadência completa e o desespero das classes dominantes ante a coragem inquebrantável e a justa ira dos estudantes e das demais massas democráticas do país, e assinala a sua certa e tão pendente derrocada.