No dia 2 de dezembro estudantes realizaram um protesto contra a proposta do governo reacionário de Ratinho Junior (PSD) de privatizar quatro escolas. O ato ocorreu no interior do Colégio Estadual Olympia Morais Tormenta e reuniu cerca de 80 estudantes que com cartazes, apitos e panfletos se manifestaram contra a gestão privada de quatro escolas na cidade.
Entre as escolas que estão sendo alvo da proposta privatista está o próprio Olympia Morais Tormenta. A mobilização contou com apoio dos professores e da comunidade escolar.
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A comunidade escolar foi informada pela primeira vez sobre a privatização das escolas no dia 5 de outubro. A previsão para implementação é já para 2023. Até agora, porém, poucas informações foram disponibilizadas pelas autoridades do governo reacionário sobre como de fato seria essa a gestão privada. Professores e estudantes mobilizados denunciam que muitas perguntas estão sem respostas.
A princípio, a empresa receberia cerca de R$ 800 por aluno (verba pública). Segundo os cálculos do sindicato dos professores, se trata de um valor superior ao que é investido hoje nos colégios. O diretor também ficaria apenas como diretor pedagógico, sendo a administração da escola e a merenda, responsabilidade de uma empresa privada. Não se sabe qual seria a empresa e nem a partir de qual processo assumiria a gestão da escola (licitação, etc). Além disso, serão impostas às escolas metas de aprendizagens e bônus por cumprir estas metas. Os contrários à privatização afirmam que há o risco de que aqueles alunos que obtiverem notas piores sejam estimulados a abandonar as escolas como forma de se alcançar essas metas e conseguir mais recursos, punindo as escolas que reprovam seus estudantes.
Outros pontos criticados pelos alunos e professores são as reticências do núcleo no edital em relação ao EJA e à educação especial. Não há garantia de que nenhuma das duas seja mantida com o processo de privatização.
ESTUDANTES, PAIS E PROFESSORES DENUNCIAM FALTA DE DEMOCRACIA
Fica patente a forma antidemocrática de imposição executada da privatização pelo núcleo de educação do estado em Londrina, que vem impor essa medida justamente no fim do ano letivo, contando com o esvaziamento. Pais, professores e alunos foram impedidos pelo núcleo de discutir no colégio sobre a privatização e foram obrigados a utilizar outros espaços como paróquias e igrejas, por exemplo. Depois desse ocorrido, o próprio núcleo propôs reuniões nos quatro colégios a serem privatizados para defender seus planos e em todos os quatro foram rechaçados e criticados pela comunidade, ficando sem respostas para muitas questões. Muitos professores e diretores se sentem pressionados e coagidos pelo núcleo, com medo de represálias por se manifestarem contrários à privatização.
Mesmo assim, o núcleo de educação fará uma “consulta” online para os pais e mães de alunos votarem, nos dias 5, 6 e 7 se querem ou não a privatização. A medida é apenas para dar uma fachada de “democracia”, pois além de não ter espaços para a discussão do conjunto da comunidade escolar, o núcleo de educação privatista está ligando individualmente para cada pai e mãe no intuito de os convencerem a votar a favor da privatização. Os privatistas prometem que a mudança da gestão será benéfica, que os alunos terão uniforme e a escola terá mais financiamento. Mas sequer dizem qual empresa fará a gestão. Há denúncias de que funcionários da administração pública estão falando para os pais que é obrigatório votar a favor da medida.
COM LUTA, BARRAR A PRIVATIZAÇÃO DAS ESCOLAS
Estudantes e também professores destes quatro colégios estão realizando várias atividades de mobilização contra a privatização dos colégios. Entre as manifestações, uma panfletagem foi realizada no dia 3 de dezembro, no sábado, nas proximidades do Colégio Lucia de Barros Lisboa.
Todos os estudantes que se manifestaram e conversaram com o jornal AND foram enfáticos em demonstrar sua posição contrária e que não aceitarão a privatização de sua escola!
A medida de privatização movida pelo governo reacionário de Ratinho Junior (PSD) é o desfecho de anos a fio de ataques à educação. Com os recorrentes cortes de verba da educação – prejudicando a manutenção e melhorias na estrutura das escolas, desvalorizando os profissionais da educação com salários indecentes e impondo aos estudantes filhos do povo uma formação cada vez mais aligeirada e tecnicista, com a aprovação e aplicação da BNCC – o primeiro passo já foi feito ao longo de anos a fio de governos reacionários anti-educação. Agora o que estão buscando é a privatização, pura e simples, num processo antidemocrático e com total falta de participação da massa que apenas reforçará a tendência à piora geral das condições de ensino. Por outro lado, aumentará por todo o país a luta de estudantes e profissionais da educação em defesa do direito de estudar e aprender.
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Imagem em destaque: Estudantes se mobilizam ao lado de professores e responsáveis contra a privatização de quatro escolas de Londrina, Paraná. Foto: Banco de Dados AND