Estudantes ocupam Restaurante Universitário durante manifestação. Foto: Reprodução
Na tarde de 06 de novembro estudantes da Universidade Federal do Paraná (UFPR) ocuparam o Restaurante Universitário (RU). A ocupação iniciou-se durante uma manifestação que defendeu a assistência estudantil e rechaçou a privatização das universidades públicas. Organizada pela Frente Estudantil Contra o EaD, a ocupação exige a reabertura imediata do RU e o pagamento de bolsas estudantis. Duas refeições já foram servidas nos primeiros dias da ocupação, que prosseguiu durante todo o final de semana.
Estudantes se organizam e colocam a Universidade para funcionar!
O ato que antecedeu a ocupação se concentrou na praça Santos Andrade e seguiu em marcha até a frente do RU. Desde o início, os estudantes já davam mostras de combatividade através de intervenções denunciando os ataques em curso pelo governo militar genocida de Bolsonaro contra a universidade pública por meio dos sucessivos cortes de verbas.
Faixas e cartazes rechaçavam a tentativa de privatização das universidades públicas e também exigiam a reabertura da universidade, do RU e o pagamento de bolsas essenciais à permanência estudantil. A Guarda Municipal (GM) acompanhou a marcha dos estudantes e no objetivo de intimidar os manifestantes. Mesmo assim, o ato seguiu em marcha para o RU central. Lá, os estudantes estenderam faixas, distribuíram panfletos e entoaram palavras de ordem.
Ao chegar no RU central, os estudantes então abriram os cadeados e convocaram a todos os presentes a iniciar a ocupação. Somente depois do início da tomada do prédio da UFPR pelos estudantes que a GM percebeu a movimentação. Em vão, os guardas tentaram barrar a entrada dos estudantes em luta. Os guardas armados tentaram render alguns dos estudantes, que conseguiram resistir à intimidação.
ocupação prossegue!
Com faixas, panfletos, e sob a consigna Para barrar a privatização: Greve de Ocupação!, os estudantes seguiram ocupando o prédio do RU durante todo o final de semana dos dias 06 e 07/11. As exigências dos estudantes são: Reabertura do Restaurante Universitário, pagamento de bolsa permanência a todos os estudantes que necessitem, pagamento das bolsas do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) e Residência Pedagógica (RP), retomada das aulas práticas presenciais em toda a UFPR, início da retomada das aulas presenciais em toda a UFPR.
No segundo dia da ocupação estava prevista uma atividade coletiva da ocupação dos estudantes da UFPR. Será exibido e discutido com os presentes o documentário Resistimos, lutamos, com a greve triunfamos! que retrata a greve de ocupação da Universidade Federal de Rondônia (Unir). A luta ocorrida em 2011 pelos estudantes rondonienses foi atendida em todas suas pautas. Outras atividades estão programadas para acontecer também durante os próximos dias.
Um vídeo divulgado pela Executiva Nacional dos Estudantes de Pedagogia (ExNEPe) mostra como está a organização dos estudantes. Eles estão ocupando o prédio do RU e fazendo uma série de atividades.
A Frente Estudantil Contra o EaD aponta que a Ocupação é a única forma de barrar a privatização das Universidades Públicas. Na nota intitulada Ocupar a Universidade e colocá-la a serviço do povo!, a Frente explica que “a precarização da Universidade feita através dos cortes de verbas, do atraso nas bolsas, da imposição do EaD e do fechamento do RU pavimentam o caminho para a privatização completa! Estamos a beira de perder todos os direitos conquistados com muita luta pelos estudantes”.
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Leia abaixo na íntegra o panfleto distribuído pela Frente Estudantil contra a EaD durante o processo de ocupação.
Ocupar a Universidade e colocá-la a serviço do povo!
Guiados pelo exemplo de organização e luta dos estudantes que ocuparam a Universidade Federal de Rondônia UNIR em 2011, pelo exemplo de combatividade dos estudantes secundaristas que tomaram de assalto mais de 1000 escolas em todo o Paraná em 2016 e pela valorosa e intrépida resistência que opuseram os universitários no Rio de Janeiro em meio à histórica ocupação do Bandejão da UERJ em 2017, nós, universitários e secundaristas de Curitiba e região ocupamos o RU da UFPR!
A Frente Estudantil Contra a EaD – PR, seguindo o chamado da Executiva Nacional de Estudantes de Pedagogia (ExNEPe), tem organizado a luta presencial e combativa em nossa cidade desde 2020, com panfletagens, lambes, aulas públicas e reuniões abertas, manifestações etc. Agora cabe dar um passo além neste embate! Para conquistar e defender nossos direitos seguiremos para a ocupação de nossa universidade!
Não aceitaremos calados a destruição de nosso ensino público, já tão abalado por incessantes cortes de verbas, levando, inclusive, muitas universidades a declarar não terem recursos para o retorno presencial ou mesmo acusando seu fechamento, como no caso da UFRJ. Não aceitaremos calados a destruição da nossa Ciência Nacional e suas instituições tais como a Capes e o CNPQ, cujo orçamento, quase totalmente saqueado em prol do Ministério da Defesa, já nem mais permite o pagamento das bolsas do PIBID e Residência Pedagógica, levando à erosão os pilares de ensino, pesquisa e extensão. Não aceitaremos a imposição da EaD como única forma de ensino durante a pandemia e denunciamos seu caráter farsesco, que na verdade tem se constituído como cavalo de batalha da privatização do ensino público por meio da penetração de capital privado nas universidades, acordos com empresas de tecnologia e comunicações, inclusive com transferência direta de recursos do MEC. Não aceitaremos que nos retirem o RU, uma importante conquista do movimento estudantil, e um dos mais importantes pilares da permanência. Exigimos sua imediata reabertura, como tem sido em diversas universidades, seja de forma reduzida ou por meio da distribuição de marmitas.
Desde já demarcamos campo contra o oportunismo, capitulador e imobilista, que desde o início da pandemia tem feito coro ao monopólio midiático na tentativa vã de impedir a luta do povo e cinicamente acumular forças para seu palanque eleitoral. Estes humanistas de ocasião nada fizeram para de fato ajudar o povo, organizar sua luta, unir-se as massas mais pobres, difundir a verdadeira ciência nos bairros e favelas, como fizeram inúmeros estudantes democráticos organizados nos Comitês Sanitários ao redor do país, por fora e apesar da influência nefasta do movimento estudantil de velho tipo, de UNE, UBES e afins. Ao invés disso simplesmente se esconderam na segurança de seus lares e passaram a pregar o ativismo exclusivamente virtual, taxando de terrorista espalhador do vírus todo aquele que se mobilizasse. Em meio a essa situação decidimos nadar contra a corrente!
Temos clareza de que não será com uma única ocupação que resolveremos tantos problemas que afligem nossa juventude, mas buscamos dar o exemplo do que deve ser feito. Se trata de uma demonstração de força. De que temos em nossas mãos o destino de nossa educação e não dependemos de qualquer burocrata do MEC ou da reitoria. De que para verdadeiramente mudar o estado de coisas cabe aos jovens estudantes de nosso país desenvolver uma ampla e combativa greve de ocupação das escolas e universidades! Tomá-las de assalto, colocá-las a serviço do povo, aplicar o co-governo estudantil e de forma sucessiva retomar o que é nosso por direito! Esta é a ordem do dia, assim faremos por todo o Brasil com mais decisão, audácia e combatividade!
Exigimos:
- Reabertura do Restaurante Universitário;
- Pagamento de bolsa permanência a todos aqueles que necessitem;
- Pagamento das bolsas do PIBID e RP;
- Retomada das aulas práticas presenciais em toda UFPR;
- Início da retomada das aulas presenciais em toda UFPR.
Ocupar e Resistir!
Viva a ocupação do Restaurante Universitário!
Viva a luta presencial e combativa!
Derrubar os muros da universidade! Servir ao povo no campo e na cidade!
Frente Estudantil Contra a EaD – PR
Novembro de 2021