Foto: Ricardo Moraeis/Reuters
No dia 30 de setembro, será realizado em Curitiba um ato denunciando o crime cometido pelo velho Estado contra o Museu Nacional, instituição que foi destruída por incêndio no início do mês de setembro. Haverá apresentações de teatro, música, entre outras intervenções culturais, além de denúncia à população sobre o ocorrido, entoando em alto e bom som a consigna de Resistir, lutar, com a cultura popular!.
A manifestação está sendo organizada pela Aliança Paranaense Estudantil (APE), movimento que reúne estudantes de diferentes cursos e de diversas universidades da capital paranaense interessados pela cultura popular nacional, que se denominam de. Reproduzimos a seguir a nota convocatória do evento.
Resistir! Lutar! Com a Cultura Popular!
O ‘Ato de Luto em Luta pelo Museu Nacional e pela Dignidade Cultural Brasileira’, que será realizado no dia 30/09 de 2018 (próximo à data de um mês do incêndio que destruiu o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, RJ), às 15h em frente ao Prédio Histórico da Universidade Federal do Paraná, tem diferentes bases, mas algumas intenções comuns:
A primeira delas é marcar o luto de todos os brasileiros pela destruição quase que total do acervo e aos danos graves sofridos pelo prédio principal do Museu Nacional do Brasil no dia 2 de setembro. Os objetos, que em sua maioria são insubstituíveis, apesar das falas superficiais dos atuais responsáveis pela revitalização do Museu, representam milênios da História humana e duzentos anos de esforços nacionais em nome do colecionismo, da pesquisa, da Ciência e da História.
A segunda é marcar a nossa posição enquanto estudantes, trabalhadores, pesquisadores e cientistas brasileiros, denunciando o crime que este velho Estado cometeu. Porque não foi um mero “acidente”. O que aconteceu foi a expressão concentrada de anos e anos de descaso e negligência com a nossa cultura e educação. Os equipamentos culturais (como as galerias, monumentos, casas de cultura, museus, entre outros) e a educação brasileira (as escolas, as universidades, as iniciações científicas, etc.) estão cada vez mais ameaçados e mais pertos de uma destruição iminente, como foi o caso do Museu. O que vimos neste trágico caso foi um exemplo destes dois eixos. A administração do Museu pertencia à UFRJ que, como toda universidade pública, é alvo de políticas de cortes de investimentos. Desde 2017, com a EC 95/2017, o orçamento da universidade (que já era baixo), começa a abaixar gradativamente, já que a medida congela investimentos em Educação por 20 anos, lesionando não só a universidade, mas também o Museu. Em recente entrevista, o Ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, diz que é culpa da UFRJ por ter investido menos no Museu e por não ter procurado “outras fontes de investimento”, como empresas privadas. Ou seja, para nosso ilustre Ministro, o Estado corta o investimento da universidade e quem é culpada é a UFRJ por não ter vendido o Museu aos grandes empresários que já estão se apropriando de vários museus nacionais. Mas, ao contrário, nós dizemos que se a nossa Educação e nossa Cultura está ameaçada, é culpa deste velho Estado e a solução não é a sua privatização!
E a terceira, é a de dizer que estamos fartos de entrar em luto pela nossa Nação. Enquanto os mesmos políticos de sempre, em conluio com os grandes banqueiros, empresários e latifundiários de nosso país, garantem a manutenção de suas riquezas, o nosso povo perde seus direitos mais básicos, tirando-o a saúde, a educação e a cultura. E, além disso, jogam a culpa uns aos outros, isentando-se de suas próprias culpas. Choram lágrimas de crocodilo, enquanto o nosso povo continua a perder cada vez mais. Mas nós dizemos basta! Resistiremos e lutaremos com e pela cultura popular!