A polícia do estado do Paraná intimou o coletivo “Desmilitariza – Mães Dizimadas, Filhos Roubados” a comparecer em delegacia, no último dia 7/1, para prestar explicações sobre panfletos distribuídos. Os membros do coletivo, em maioria mães e familiares de pessoas mortas pela Polícia Militar do Paraná, denunciam perseguição política e policial em suas manifestações, que contam com a presença ostensiva de viaturas.
Os panfletos distribuídos pelo coletivo denunciam policiais que executaram familiares de membros do grupo além do alto índice de violência policial na gestão do governador Ratinho Júnior (PSD). Segundo o coletivo, as informações constatadas no panfleto foram todas obtidas por consulta pública.
Dias após o depoimento, o advogado criminal bolsonarista Jeffrey Chiquini compartilhou um vídeo em suas redes sociais mostrando o panfleto e acusando os membros do coletivo de pertencerem a ONG’s e serem financiados por deputados para “criminalizar a polícia”. No vídeo, ele alega que entre os citados no panfleto estão clientes seus e que se tratariam de informações falsas. Porém, as únicas informações contidas no panfleto são de acesso público, pois policiais que cometem homicídios respondem nominalmente como agentes públicos.
Os policiais citados no panfleto, Luiz Fernando Sokoloski e Eli Anderson Rosa Mendes, já apareceram na mídia curitibana por conta de homicídios cometidos tanto durante rondas quanto à paisana. Sokoloski foi um dos policiais absolvidos da brutal execução de 3 adolescentes e 1 jovem de 21 anos no no bairro Parolin, em 2019.
Já o agente Mendes é um dos responsáveis pelo assassinato de Mike Stuart Smik, em 2017, morto com dois tiros na cabeça por seis policiais. A defesa da Polícia, na ocasião, alegou “legítima defesa de terceiro” e absolveu os réus, mesmo que esses tenham se contradito nos depoimentos e a posição dos corpos não sugira que eles tenham reagido à abordagem.